ISTAMBUL - A polícia turca deteve nesta terça-feira 17 jornalistas em uma batida no jornal Özgür Gündem, que foi fechado sob acusação de propaganda a favor do grupo armado curdo PKK, informaram à agência EFE fontes do jornal.
A polícia entrou na redação, localizada em um prédio perto da Praça Taksim no centro de Istambul, horas após ser decretado seu fechamento e confiscou vários computadores. Redatores do Gündem descreveram a ação no Twitter como "um saque". Segundo o jornal Cumhuriyet, a lista de detidos abrange pelo menos 17 jornalistas.
O jornal Özgür Gündem, fundado em 1992, foi proibido várias vezes nas últimas décadas por sua cobertura do conflito curdo e só em 2011 voltou a ser publicado com seu nome original.
Com uma tiragem de 6,7 mil exemplares, é um dos jornais nacionais de menor difusão da Turquia, mas a pressão judicial à qual esteve submetido suscitou várias protestos por parte de defensores dos direitos humanos.
Nos últimos meses, 44 intelectuais turcos assumiram por um dia o cargo de "redator-chefe convidado" e três deles foram presos em junho durante uma semana, em razão de um pedido de prisão preventiva da Promotoria.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras situa a Turquia no posto 151, de um total de 180, em liberdade de imprensa, e criticou a intervenção judicial de veículos de imprensa e a tentativa de silenciar jornalistas críticos. EFE
Ainda hoje, a polícia da Turquia realizou operações simultâneas em 44 empresas de Istambul e tinha mandados para deter 120 executivos de companhias, parte da investigação sobre a tentativa fracassada de golpe militar do mês passado, relatou a agência estatal de notícias Anadolu.
Segundo a Anadolu, as empresas foram acusadas de dar apoio financeiro ao movimento do clérigo muçulmano Fethullah Gulen, residente nos Estados Unidos, que foi acusado de orquestrar o golpe fracassado do dia 15 de julho - ele nega qualquer envolvimento.
A polícia iniciou as buscas nos bairros de Uskudar e Umraniye, em Istambul, incluindo edifícios pertencentes a uma holding não mencionada, disse a agência.
Desde o golpe, mais de 35 mil pessoas foram detidas, das quais 17 mil foram presas formalmente, e dezenas de milhares mais foram suspensas em um expurgo entre militares, agentes da lei e funcionários da educação e da Justiça.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusa Gulen de comandar uma rede ampla de escolas, instituições de caridade e negócios, constituída na Turquia e no exterior ao longo de décadas, para infiltrar instituições estatais e formar uma "estrutura paralela" cuja meta é dominar o país.
Erdogan prometeu neste mês cortar as fontes de receita dos negócios ligados a Gulen, descrevendo-os como "ninhos de terrorismo". / EFE e REUTERS