Turquia rejeita acordo de cessar-fogo com guerrilha curda

Para o primeiro-ministro turco, único caminho para a paz é a entrega das armas

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou a proposta de um "cessar-fogo" apresentada na quinta-feira pelo chefe do Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Ocalan, e acrescentou que a única opção da guerrilha é "entregar as armas". "O cessar-fogo só pode existir entre dois Estados. Aqui, a proposta tem que ser de entregar as armas, e quem deve fazer isso são os terroristas", disse Erdogan num programa da emissora de televisão muçulmana STV, na noite de quinta-feira. No entanto, Erdogan também disse querer a paz com os curdos. "No Estado turco, todos nós, ao lado de nossos soldados e policiais, trabalhamos pela paz. Queremos chegar à paz em breve", afirmou. Ocalan, que está detido na prisão de Emrali, pediu a seus seguidores do PKK que declarem um "cessar-fogo", e chegou a sugerir que "enterrem as armas" para conseguir uma solução democrática da questão curda. Segundo o primeiro-ministro, o governo deve aceitar "todas as identidades" sob a cidadania turca. "Por sua vez, esses grupos devem aceitar que são cidadãos da república turca. Este é nosso país, com uma única bandeira, e sobre isto não deve haver discussão", ressaltou. Entenda os conflitos entre turcos e curdos A maior guerrilha curda, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), reivindicou nesta segunda-feira um atentado a bomba perpetrado no sábado, 23, que deixou 17 feridos no leste da Turquia. O PKK, assim como diversos grupos separatistas curdos, exige que o Curdistão - área de aproximadamente 500 mil metros quadrados rica em petróleo, não reconhecida geograficamente e que abrange grandes partes dos territórios do Iraque, Irã e Turquia e pequenos trechos da Armênia e Síria - seja reconhecido e se torne uma nova nação asiática. Porém, o povo curdo, maior etnia sem nação do mundo, com mais de 20 milhões de pessoas, sofre com a oposição dos governos da região, que reprimem violentamente suas ações separatistas há décadas. Para combater a repressão, o PKK pegou em armas em 1984, sob a liderança de Abdullah Öcalan, e lançou uma série de ataques contra a Turquia, um dos Estados que mais reprimem os curdos. Os confrontos se acirraram até meados de 2000, quando o PKK, ainda abalado pela prisão e condenação à morte de Öcalan, anunciou o fim dos confrontos. Mesmo assim, durante os anos seguintes, a milícia cometeu atentados em vários locais da Turquia, principalmente em pontos turísticos. Os combates entre tropas governamentais e guerrilheiros curdos já deixou cerca de 40 mil mortos na Turquia. Iraque A mais notável ação repressora contra os curdos, porém, não ocorreu na Turquia, mas sim no Iraque. Entre os anos de 1987 e 1988, o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein ordenou a execução de cerca de 180 mil curdos que habitavam o norte do país. Tal ato é considerado crime de guerra pela ONU e é uma das mais graves acusações que pesam sobre Saddam.

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