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Turquia tenta dissuadir Síria de novos ataques a seu território

Parlamento turco aprova adoção de ações militares contra país vizinho; analistas dizem que guerra é pouco provável.

Por Cagil Kasapoglu
Atualização:

Apesar da escalada da tensão entre a Turquia e a Síria, a aprovação de ações militares no Parlamento pode ser interpretada como uma tentativa do governo turco de dissuadir novos ataques a seu território, segundo especialistas. A tensão entre os dois países se intensificou nos últimos dois dias. Primeiro, a Turquia disparou sua artilharia contra a Síria depois que um ataque de morteiros vindo do outro lado da fronteira atingiu a cidade de turca de Akcakale. Nesta quinta-feira, o Perlamento turco aprovou uma moção autorizando o governo a realizar ações contra a Síria para o próximo ano. Entretanto, fontes do governo afirmaram que o objetivo da moção é funcionar como fator de dissuasão contra Damasco. Isso porque a Turquia não estaria interessada em se engajar em uma "operação militar unilateral". Essa interpretação vem como um alívio para a comunidade internacional e para uma parcela considerável da população turca. A opinião pública no país e contrária a uma escalada militar. Resposta dura Centenas de ativistas contrários à guerra fizeram protestos nas ruas das maiores cidades turcas nesta quinta-feira contra a moção aprovada pelo Parlamento e a política adotada pelo governo. "A Turquia não tem interesse em começar uma guerra com a Síria", publicou no Twitter Ibrahim Kalin, um assessor do premiê turco Recep Tayyip Erdogan. "Mas a Turquia é capaz de proteger suas fronteiras e irá retaliar quando for necessário", escreveu. Analistas turcos também dizem acreditar que o governo não pretende lançar uma operação militar. Pelo contrário, a moção visaria provar que a Turquia tem capacidade de responder a uma incursão de forças sírias em seu território, segundo o especialista em política externa Ilter Turan. "A mensagem turca à Síria é clara: nós respondemos ao seu bombardeio a Akcakale, mas se vocês continuarem estaremos prontos para dar uma resposta mais dura", afirmou. Como parte da política - que teve vida curta - do chanceler Ahmet Davutoglu de "problemas zero com os vizinhos", os dois países aboliram as restrições dos vistos de entrada e assinaram acordos de comércio. Mas desde o início da revolta na Síria em março de 2011, as relações diplomáticas entra as duas nações viraram de cabeça para baixo. Conflitos Inicialmente, a Turquia havia tomado a iniciativa de acabar com o isolamento da Síria na comunidade internacional - pedindo a Damasco que implementasse pacotes de reforma. Contudo, segundo Turan, o presidente sírio Bashar Assad não cumpriu as promessas feitas ao premiê Erdogan. O fracasso da Síria em implementar as reformas não apenas prejudicaram a reputação da Turquia como mediadora de questões do Oriente Médio, como prejudicou seriamente a relação bilateral entre os países. O elevado fluxo de refugiados sírios para a Turquia deteriorou ainda mais as relações diplomáticas entre os dois países e levou à discussão sobre a criação de uma "zona tampão" em território sírio. A escalada da tensão começou em junho, quando um avião de reconhecimento turco foi abatido por baterias antiaéreas sírias. Em seguida, o governo turco disse que não toleraria mais ataques e elevou o número de tropas na fronteira. O cenário se agrava devido à minoria curda ter dominado o norte da Síria - o que provocou medo no governo turco que os curdos de seu país se enconragem a adotar ação semelhante. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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