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TV e web transformam jovens do Afeganistão

Apesar de somente 30% dos afegãos terem acesso a eletricidade constante, 60% têm celulares, abastecidos principalmente por placas de energia solar

Por CLÁUDIA TREVISAN e CABUL
Atualização:

A televisão e a internet estão transformando o comportamento dos jovens em Cabul, mas sua influência na maior parte do país é reduzida. Apenas 30% da população do Afeganistão tem acesso a fontes de eletricidade permanentes, o que dificulta o uso de computadores e aparelhos de TV. Apesar das limitações no fornecimento de energia, 60% dos afegãos possuem telefones celulares. Os aparelhos são carregados graças ao uso de pequenas placas de energia solar, cada vez mais populares na zona rural.O acesso aos meios de comunicação passou por uma revolução desde 2001, o último dos seis anos de governo do Taleban, durante o qual havia apenas uma rádio, controlada pelo governo - música e imagens estáticas ou em movimento eram banidas. As mulheres foram proibidas de estudar e trabalhar e tiveram sua existência confinada à vida doméstica.Distração. A empreitada midiática de maior sucesso é a emissora Tolo TV, que tem um canal de entretenimento e outro exclusivo de notícias, no qual há intensos debates e programas de humor político. Novelas turcas e indianas mostram mulheres sem véu e com roupas insinuantes, enquanto os jovens exercitam seus talentos musicais no Afghan Star, a versão local do programa de revelação de cantores American Idol. O programa afegão provocou comoção nacional em 2008, quando uma mulher ficou pela primeira vez entre os três finalistas - e foi eliminada.Mulheres. A presença feminina não provoca mais crises e é comum que as candidatas se apresentem com o cabelo descoberto, mas com braços, pernas e colo escondidos.Estudo divulgado pelo National Endowment for Democracy em 2012 disse que houve uma "explosão" de mídias no período de dez anos depois da queda do Taleban. Segundo o levantamento, o Afeganistão tinha 175 estações de rádio FM, 75 canais de televisão, 4 agências de notícias, 7 jornais diários e centenas de outras publicações. O acesso à imprensa escrita é limitado em razão do elevado índice de analfabetismo: 43% dos homens e 20% das mulheres sabem ler e escrever. Telefonia. O setor de telecomunicações afegão passou por sua própria "revolução" desde 2002. Foi o ano em que a primeira companhia - a AWCC - obteve autorização para operar com serviços GSM. De acordo com dados divulgados em 2012 pelo governo americano, a cobertura de telefonia fixa e móvel já chegava a 85% da população.

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