Atualizado às 19h39
ABIDJAN, COSTA DO MARFIM- A TV estatal da Costa do Marfim foi tirada do ar fora da cidade de Abidjan, a principal do país, que está em crise política após as últimas eleições presidenciais.
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O canal é uma das poucas fontes de informação para a população do país desde que os canais e emissoras de rádio estrangeiras foram bloqueadas há três semanas.
Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como vencedor do último pleito, realizou uma marcha na semana passada para retomar a TV estatal, mas soldados leais a Laurent Gbagbo, presidente que continua no poder, abriram fogo contra os manifestantes.
Potências mundiais e países africanos apoiam o rival de Gbagbo nas eleições, no impasse que se instalou desde a eleição de 28 de novembro e ameaça deflagrar uma nova guerra civil no país do oeste da África.
Gbagbo, porém, não deu sinais de ceder à pressão e insiste ter vencido a eleição depois de a Corte Constitucional, liderada por um de seus aliados, ter excluído centenas de milhares de votos oriundos de distritos eleitorais pró-Ouattara.
Os EUA e a União Europeia impuseram sanções de viagem a Gbagbo e a seu círculo mais próximo, e na quarta-feira o Banco Mundial congelou o financiamento ao país, com o qual tem compromissos de ajuda de mais de 800 milhões de dólares.
Ministros do banco central da União Monetária do Oeste Africano deveriam se reunir em Guiné Bissau na quinta-feira a fim de debater o caso do país, em meio a especulações de que a união também poderá congelar o financiamento à Costa do Marfim - iniciativa que debilitaria a capacidade de Gbagbo de pagar os salários do funcionalismo, incluindo dos soldados.
O jornal marfinense dirigido pelo Estado afirmou hoje que a assinatura de Gbagbo ainda era reconhecida pelo Banco Central e que os salários do funcionalismo seriam pagos este mês.
"Desde ontem, os salários dos funcionários e agentes do Estado da Costa do Marfim vêm sendo transferidos para diferentes bancos. Os salários dos funcionários públicos civis não estão ameaçados", disse o ministro das Finanças de Gbagbo, segundo o jornal.