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Ucrânia luta contra onda de ataques cibernéticos; Rússia ameaça resposta dura às sanções ocidentais

Kiev não culpou ninguém por ataques registrados na quarta-feira, mas na semana passada, os EUA culparam oficialmente o governo russo por ataques cibernéticos ao país do Leste Europeu

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Por Redação
Atualização:

Sites governamentais e bancários na Ucrânia sofreram um novo ataque cibernético nesta quarta-feira, mas as agências de proteção cibernética estão revidando, disse o governo ucraniano.

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“Atualmente, o Serviço Estatal de Comunicações Especiais e Proteção de Informações da Ucrânia e outros assuntos do sistema nacional de segurança cibernética estão trabalhando para combater os ataques, coletando e analisando informações”, disse a agência em comunicado.

O governo ucraniano não disse quem acredita estar por trás dos ataques de quarta-feira, mas na semana passada, os Estados Unidos culparam oficialmente o governo russo por ataques cibernéticos que interromperam os serviços bancários online de pelo menos dois grandes bancos ucranianos.

Ucranianos se reúnem em Mariupol, na Ucrânia, para protesto em defesa da integridade do território russo. Foto: AP Photo/Sergei Grits

Vários sites do governo ucraniano foram alvo de ataques cibernéticos nesta quarta-feira. Os sites da Verkhovna Rada - o parlamento ucraniano -, bem como do Gabinete de Ministros e do Ministério das Relações Exteriores, não estavam funcionando, informaram os meios de comunicação ucranianos Klymenko Time e RBC.

A NetBlocks acrescentou que os sites do Ministério da Defesa, Ministério de Assuntos Internos e Serviço de Segurança da Ucrânia também estavam inativos, provavelmente devido a um ataque.

Isso ocorre apenas uma semana depois que o Ministério da Defesa da Ucrânia e dois bancos locais foram alvos de um ataque cibernético, mostrando um padrão que especialistas dizem ser provavelmente promovido por hackers ligados ao governo da Rússia.

O ataque é chamado de negação de serviço distribuída, ou DDoS, que envolve interromper o tráfego de um site sobrecarregando-o com bots, de acordo com o site da empresa de segurança Cloudflare. “De um nível alto, um ataque DDoS é como um engarrafamento inesperado que obstrui a rodovia, impedindo que o tráfego regular chegue ao seu destino”, diz o site.

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O ataque cibernético de 15 de fevereiro também foi um ataque DDoS, visando os sites do Ministério da Defesa e dos bancos Oshadbank e Privatbank. Uma autoridade de segurança cibernética dos EUA disse na semana passada que seu departamento tem "informações técnicas" que ligam a Diretoria Principal de Inteligência da Rússia aos ataques.

Em janeiro, vários sites do governo ucraniano foram alvo de ataques cibernéticos. Uma mensagem no site do Ministério das Relações Exteriores dizia: "Ucranianos! ... Todas as informações sobre vocês se tornaram públicas. Tenham medo e esperem pior. É o seu passado, presente e futuro", levando muitos a acreditar que a Rússia estava por trás deles.

Um grande banco, o Oschadbank, cujos serviços online foram interrompidos na semana passada, foi atingido novamente na quarta-feira. O mesmo aconteceu com o site da agência que policia o cibercrime.

Analistas do setor privado disseram que a Ucrânia em geral ainda estava conectada à Internet, mas que bancos e sites de agências governamentais estavam sendo inundados com tráfego.

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“O país ainda está conectado à Internet e os dados estão entrando e saindo”, disse Doug Madory, diretor de análise de Internet da Kentik, que rastreia os fluxos de dados em todo o mundo.

A Rússia intensificou sua agressão cibernética contra a Ucrânia. Os ataques cibernéticos que interrompem os serviços são amplamente esperados como meio de tentar semear pânico e confusão e diminuir a confiança no governo.

Eles também podem ser usados para cortar as comunicações e dificultar as operações militares. Até agora isso não aconteceu, mas as autoridades ucranianas e seus colegas nos Estados Unidos e na Europa estão monitorando de perto os eventos.

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A União Europeia (UE) ativará sua Equipe de Resposta Rápida Cibernética para ajudar a Ucrânia a se defender contra ataques cibernéticos, informou o site americano Politico. A equipe inclui especialistas dos países da UE da Croácia, Estônia, Lituânia, Holanda, Polônia e Romênia. Será a primeira vez que a equipe será destacada.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia "apresenta o risco cibernético mais agudo que as corporações americanas e ocidentais já enfrentaram", segundo a Harvard Business Review, porque uma invasão russa levaria a sanções de outros países, que a Rússia vê como "guerra econômica. A resposta seria "assimetricamente" planejada, com ataques cibernéticos. 

Sanções 

Nesta quarta-feira, 23, os líderes da Polônia e da Lituânia se juntaram à Ucrânia pedindo a "introdução rápida de um pacote robusto de sanções" contra Moscou e expressando apoio à candidatura da Ucrânia para se tornar membro da União Europeia.

Em Berlim, manifestação em apoio à Ucrânia toma frente da embaixada de Rússia. Foto: AP Photo/Markus Schreiber

Em um comunicado conjunto após uma reunião em Kiev, o presidente Volodmir Zelenski, da Ucrânia, Andrzej Duda, da Polônia e Gitanas Nauseda, da Lituânia, expressaram a “condenação mais forte” da decisão da Rússia de reconhecer duas regiões separatistas pró-Moscou no Leste da Ucrânia.

“Pedimos à comunidade internacional que tome medidas resolutas e de longo alcance em resposta a este mais um ato de agressão cometido pela Rússia contra a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, disseram os três presidentes.

Isso inclui medidas adicionais contra o gasoduto Nord Stream 2, avaliado em US$ 11 bilhões, que levará gás da Rússia à Alemanha, disse o comunicado. Berlim anunciou na terça-feira que estava congelando o processo de certificação do projeto, em resposta ao reconhecimento de Moscou das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk.

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Em sua declaração, Duda, Nauseda e Zelenski também disseram que a Ucrânia “merece o status de candidato a membro da União Europeia” e que a Polônia e a Lituânia “apoiariam a Ucrânia para alcançar esse objetivo”.

Após a reunião dos presidentes, Duda disse em entrevista coletiva conjunta que as ações do presidente russo, Vladimir Putin, eram uma ameaça “não apenas para a Ucrânia, mas para toda a nossa região, em particular para o flanco leste da Otan e toda a União Europeia”. “Devemos dar um fim claro à política neoimperial da Rússia”, acrescentou Duda.

Rússia ameaça resposta dura às sanções ocidentais

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia prometeu uma "resposta dura" na quarta-feira ao pacote de sanções de Washington que atingiu a dívida soberana russa e dois bancos que financiam infraestrutura e Defesa. O pacote também visava as elites russas e suas famílias.

As medidas de resposta da Rússia não seriam necessariamente simétricas, mas seriam “bem fundamentadas” e dolorosas, disse o ministério em comunicado. Ele disse que a Rússia provou que pode suportar o impacto de todos os pacotes anteriores de sanções ocidentais.

O ministério disse que a política dos EUA de tentar mudar o curso da Rússia por meio de repetidas sanções equivale a “chantagem, intimidação e ameaças”, acrescentando que isso não funcionaria com uma potência global como a Rússia.

A confiança dos Estados Unidos nas sanções mostrou que sua política externa está “presa nos estereótipos de um mundo unipolar com uma falsa crença de que os EUA ainda têm o direito e a capacidade de impor suas próprias regras da ordem mundial”, disse o comunicado.

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Invocando a retórica da Guerra Fria, disse que os Estados Unidos estão sendo imitados por “países-satélites e clientes, que perderam completamente sua independência”.

Depois que o secretário de Estado Antony Blinken cancelou uma reunião esta semana com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o ministério disse que a Rússia ainda está “aberta à diplomacia com base nos princípios de respeito mútuo, igualdade e consideração pelos interesses de cada um”.