Ucrânia: Tymoshenko será acusada, diz procurador

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Por AE
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A Ucrânia desafiou nesta segunda-feira a pressão ocidental para acabar com a perseguição política à ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, que está na prisão, com um procurador graduado dizendo que ela será acusada de participação em um assassinato que ocorreu há 16 anos. O vice-procurador-geral da Ucrânia, Renat Kuzmin, disse em entrevista ao jornal Kommersant que existem provas suficientes para que Tymoshenko seja acusada de participação no assassinato de Yevhen Shcherban, um influente advogado e empresário. Shcherban foi morto a tiros junto com sua esposa em novembro de 1996 no Aeroporto de Donetsk.Tymoshenko, de 51 anos, foi sentenciada em outubro do ano passado a sete anos de prisão, considerada culpada por abuso de poder quando foi primeira-ministra da Ucrânia e negociou acordos para compra de gás natural com a Rússia. A ex-premiê, um política carismática que liderou os protestos da chamada "Revolução Laranja" que ocorreu em 2004 na Ucrânia, afirma que o presidente ucraniano Viktor Yanukovich, seu adversário de longa data, a persegue politicamente.Shcherban foi morto a tiros ao lado da sua esposa e de um assessor no final de 1996, em um tipo de assassinato que os promotores disseram ter sido encomendado. Kuzmin afirmou que existem provas de que empresas de gás natural, controladas por Yulia, juntaram dinheiro para pagar pelo assassinato do empresário. Kuzmin também afirmou ter testemunhas que viram Yulia organizar e financiar o assassinato de Shcherban."Nós temos provas suficientes para mostrar que Tymoshenko estava envolvida naquele assassinato e pretendemos acusá-la disso", disse o vice-procurador geral. Ele não especificou qual será a acusação e seu escritório não quis comentar. Mas Kuzmin disse que Tymoshenko não será acusada em breve porque atualmente está em um hospital em Kharkov, onde recebe tratamento médico por condições graves de saúde (ela tem problemas na coluna). Tymoshenko nega totalmente as acusações. O partido da política afirmou que as acusações de Kuzmin fazem parte do projeto de Yanukovich de retirar da cena todos os opositores políticos. "A Ucrânia atualmente é governada por um ditador, que envia seus servos contra todos que têm a coragem de falar que o país está se precipitando em direção a um abismo criminoso", disse o comunicado do partido. O processo e a prisão de Tymoshenko levaram as relações da Ucrânia com o Ocidente a um ponto de baixa. A União Europeia (UE) suspendeu um acordo de cooperação com a Ucrânia, que seria um passo importante para uma eventual e futura adesão do país ao bloco. Muitos chefes de Estado ou de governo dos países da UE boicotaram a Eurocopa de futebol, que ocorre no momento na Ucrânia e na Polônia.As informações são da Associated Press.

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