GENEBRA - Pressionada diante da transformação do Mar Mediterrâneo em um cemitério, a União Europeia começa a desenhar um plano de imigração para tentar frear o número de mortes entre as pessoas que tentam chegar até a Europa. Mas, enquanto uma reunião de chanceleres ocorria em Luxemburgo, pelo menos mais dois barcos sofriam sérios problemas no Mediterrâneo e apelavam por ajuda. Num deles com 300 pessoas à bordo, pelo menos 20 pessoas morreram. Na Grécia, foram mais três mortos.
Donald Tusk, presidente da Comissão Europeia, anunciou nesta tarde que convocou uma reunião formal dos líderes europeus para a quinta-feira com o objetivo de fechar o plano. "Vamos debater no nível mais alto o que podemos fazer", declarou.
A convocação ocorreu depois que um pesqueiro com cerca de 700 pessoas à bordo naufragou no Mediterrâneo, no que pode ser o pior acidente da história com imigrantes que tentam chegar à Europa.
"Não existe uma solução rápida, Se existisse, já teríamos usado. Mas vamos apresentar opções para ter ações urgentes. A situação é dramática e não podemos continuar assim", declarou.
O plano, que ainda hoje será detalhado, consiste em medidas para combater o tráfico de pessoas pelo crime organizado, a colaboração entre governos europeus e acordos com os países de origem desses imigrantes.
O governo italiano também fez um apelo por solidariedade e quer que o tema da imigração seja assumido por todo o bloco, e não apenas os países do Sul.
"Não existe mais álibi para a Europa", declarou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, antes da reunião. "Temos o dever moral e político de assumir nosso papel. O Mediterrâneo é nosso mar e precisamos agir juntos como europeus".
Ela também admite que é a credibilidade da Europa que está em jogo. "Achar uma solução também é de nosso interesse e do interesse de nossa credibilidade. A Europa foi construída em torno da proteção dos direitos humanos e precisamos ser consistentes com isso".
Mas na Frontex, a agência de contrôle de fronteiras da UE, o tom ainda é de que apenas operações de resgate não solucionará. Para o diretor Fabrice Leggeri, " não se trata apenas de um tema de imigração, mas um assunto de geopolítica internacional ", alertou.
Ele ainda colocou em dúvida o número de 700 desaparecidos e pediu que ongs tivessem " responsabilidade " ao apresentar suas versões do drama. O número, porém, foi apresentado pela ONU.