UE e países islâmicos pedem solução no Oriente Médio

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Por Agencia Estado
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Países europeus e islâmicos, procurando melhorar relações após os atentados de 11 de setembro, concordaram hoje que a resolução do conflito no Oriente Médio é fundamental para evitar ressentimento muçulmano do Ocidente. Mas os dois grupos dividiram-se sobre se Israel deveria ser condenado. No primeiro encontro do tipo, ministros de países da Europa e da Organização da Conferência Islâmica promoveram uma reunião de dois dias num antigo Palácio Otomano às margens do Bósforo, o estreito que divida a Europa e a Ásia. "A história tem nos ensinado que a falta de conhecimento mútuo e a falta de respeito entre as civilizações podem afetar a estabilidade e a paz mundiais", afirmaram as nações no comunicado final. A reunião tratou de vários temas, mas o conflito israelense-palestino foi o mais debatido. Os países "sublinham que para a paz, estabilidade e harmonia prevalecerem, o conflito do Oriente Médio tem de ser resolvido de uma maneira justa e ampla", afirma o documento final. Mas no comunicado não foi incluída a condenação às ações militares israelenses contra alvos palestinos, como queria a maioria das delegações islâmicas. Países europeus e a anfitriã Turquia se opuseram a condenar um país que não estava presente para se defender, disseram diplomatas europeus que pediram para não ser identificados. Nações islâmicas pediram um maior envolvimento da UE nos esforços para se pôr fim ao conflito israelense-palestino. Na terça-feira, autoridades européias descreveram uma proposta para o Oriente Médio elaborada pela França que pede o imediato reconhecimento de um Estado palestino - um plano que sofre a oposição dos Estados Unidos. Muitos países islâmicos expressaram preocupação de que houve um aumento do preconceito contra muçulmanos depois dos atentados em Nova York e Washington. Eles também criticaram os laços próximos dos EUA com Israel e a afirmação do presidente George W. Bush de que o Iraque e o Irã fazem parte de um "eixo do mal". "Os trágicos eventos de 11 de setembro e sua repercussão têm demonstrado a necessidade de fortalecer a tolerância e o entendimento entre diferentes culturas a fim de evitar o reaparecimento de preconceitos profundamente enraizados que podem emergir", afirma o comunicado conjunto. Todas nações condenaram fortemente os ataques de 11 de setembro, considerando-os "puros atos de brutal terrorismo que não podem ser explicados ou justificados pela religião, cultura ou qualquer outra razão". Mas os ataques também "provocaram uma crescente consciência da necessidade de todos os lados tentarem entender melhor as diferenças em percepção, valores e interesses". Enquanto nações européias buscaram afastar temores de preconceito e se distanciar da posição dos EUA em relação com o Irã e o Iraque, assim como da política para o Oriente Médio, elas destacaram que as atitudes entre os dois blocos diferem em questões como direitos das mulheres e pena capital. A Turquia espera que a reunião ajude o país a se estabelecer como um modelo de democracia secular para o mundo islâmico e uma ponte entre o Ocidente e as nações muçulmanas. Predominantemente muçulmana, mas oficialmente secular, a Turquia é o único país islâmico na lista de possível futuro membro da UE.

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