UE manifesta apoio a governo palestino de unidade nacional

Ministros da UE disseram esperar que tal governo comprometa-se com o processo de paz no Oriente Médio

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Por Agencia Estado
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A União Européia (UE) qualificou nesta sexta-feira como um avanço a formação de um governo de unidade nacional entre o grupo radical Hamas e a facção moderada Fatah para administrar a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e manifestou seu apoio à iniciativa. Ministros das Relações Exteriores dos países da UE manifestaram apoio total à proposta e disseram esperar que tal governo, caso realmente seja empossado, comprometa-se com o processo de paz no Oriente Médio e ajude a encerrar um impasse iniciado com a arrasadora vitória do Hamas nas eleições gerais realizadas em janeiro nos territórios palestinos. A UE também divulgou que desistiu de retomar o auxílio financeiro direto ao governo palestino. Porém, a União concordou em ampliar em três meses sua participação em um programa liderado pelo Banco Mundial que permite o grupo fazer doações financeiras aos palestinos. Desde julho a UE vem fazendo doações financeiras emergenciais aos palestinos, incluindo US$ 114,5 milhões para equipamentos hospitalares, combustível para abastecer geradores de força e "pensões sociais" aos 625.000 funcionários públicos palestinos cujos salários o governo não pode pagar. Outra doação de US$ 15,3 milhões foi enviada para apoiar o governo do presidente da ANP, Mahmoud Abbas. Por suas partes, os 25 Estados da UE contribuíram com outros US$ 98 milhões. Os chanceleres da UE Abbas para uma reunião em Nova York na próxima semana. O encontro ocorrerá às margens da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A formação de um governo de unidade nacional "cria uma nova situação", avaliou o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Erkki Tuomioja, que presidiu o encontro de chanceleres. "Isso permite a nós romper o impasse que vivemos desde as eleições palestinas de janeiro", comentou. De acordo com Tuomioja, um governo de base ampla possibilitará "o reengajamento direito entre a União Européia e o governo palestino". Ele alertou, entretanto, que alguns detalhes importantes "continuam no ar e geram dúvidas". A vitória eleitoral do Hamas desencadeou um amplo boicote internacional que privou a ANP de centenas de milhões de dólares em ajuda externa. Os países ocidentais que colaboravam com a ANP condicionaram a retomada da ajuda financeira a drásticas mudanças nas posições do Hamas, exigindo que o grupo reconheça Israel, entregue suas armas e aceite os acordos de paz previamente assinados entre israelenses e palestinos. Em meio à escassez de recursos nos cofres públicos palestinos, depois de meses de negociações, líderes do Hamas e da Fatah anunciaram no início da semana o acordo para a formação de um governo de unidade nacional. Depois do anúncio, líderes do Hamas asseguraram que o grupo não mudou suas posições, mas não fará objeção a que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), também presidida por Abbas, desenvolva iniciativas de paz com Israel. O acordo para a formação do governo de unidade nacional nos territórios palestinos também prevê o reconhecimento implícito do direito de existência de Israel. Porém os ministros do Exterior dos países da UE não exigiram que o novo governo palestino reconheça formalmente Israel, renuncie a violência e aceite a existência de Israel - três condições vitais para retomar o processo de paz do Oriente Médio. Os oficiais da UE disseram que o reconhecimento de Israel pelo Hamas é menos importante do que garantir que um governo de unidade moderado trabalhe pela paz. "Queremos ser firmes nos princípios, mas devemos ser flexíveis em relação à forma", disse a responsável pelos assuntos exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner. A posse de um governo de unidade nacional abrirá o caminho para que os diplomatas da UE - que agora estão proibidos de manter contato com o Hamas, pois este está na lista de organizações terroristas da UE - conversem com membros do Hamas. Matéria ampliada às 17h04

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