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UE pede que premiê turco acelere reformas

Após vitória nas eleições legislativas, partido de Erdogan enfrenta desafios políticos e econômicos

Por Reuters , AP e Bruxelas
Atualização:

A União Européia saudou ontem o partido governista da Turquia, Justiça e Desenvolvimento (AKP), pela vitória nas eleições parlamentares de domingo e pediu ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que acelere as reformas necessárias para o ingresso do país na UE. "É essencial que o novo governo relance as reformas legais e econômicas com total determinação e resultados concretos", disse Olli Rehn, comissário da UE, durante reunião de chanceleres do bloco em Bruxelas. Ele destacou a necessidade de maior liberdade de expressão e religião na Turquia, um Estado laico de maioria islâmica. Logo após saber da vitória de seu partido, Erdogan prometeu no domingo "trabalhar com determinação" para obter o ingresso da Turquia na União Européia. Segundo resultados extra-oficiais, o AKP, partido de raízes islâmicas, obteve 43,6% dos votos, garantindo 339 das 550 cadeiras do Parlamento. Dois partidos laicos conseguiram mais de 10% dos votos, o mínimo necessário para entrar no Parlamento. O Partido Republicano do Povo (social-democrata) obteve 20,9%, elegendo 112 deputados. O Partido da Ação Nacionalista (fortemente contra o ingresso na UE) conquistou 14,2% e elegeu 71 deputados. Também foram eleitos 28 deputados independentes, 24 deles curdos. Os resultados oficiais devem ser divulgados nos próximos dias. DESAFIO ECONÔMICO Cinco anos de desempenho econômico brilhante ajudaram o AKP a vencer as eleições. No entanto, para manter a economia na linha, o partido precisará tratar com urgência do paralisado processo de privatização, da reforma previdenciária e do excesso de gastos. A Turquia se recuperou de uma profunda crise financeira, registrando um crescimento anual médio de 7% nos últimos quatro anos. A renda per capita e a receita do turismo dobraram e os investimentos estrangeiros saltaram para US$ 20 bilhões em 2006. Mas analistas disseram que o novo governo do AKP precisa enfrentar imediatamente as questões econômicas pendentes. "O partido terá de reverter a displicência fiscal pré-eleitoral e retomar a reforma da previdência e as privatizações, particularmente no setor energético", afirmou Roderick Ngotho, estrategista do banco de investimento UBS Emea. Depois que o veto de um tribunal constitucional forçou uma revisão, o governo de centro-direita adiou para 2008 a adoção de reformas previdenciárias cruciais exigidas pelo FMI. Ancara também adiou várias privatizações. "O governo terá de mostrar bons resultados nessas áreas se quiser manter vivo o atual programa do FMI", disse Ngotho. "E deverá ter outro programa preparado quando este vencer, em maio de 2008." O acordo da Turquia com o FMI, incluindo um empréstimo de US$ 10 bilhões, ajudou o país a recuperar-se de uma crise que quase o levou à bancarrota em 2001. Analistas afirmam que, embora a Turquia não precise de mais dinheiro do FMI, um acordo de acompanhamento seria útil.

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