UE pressiona Israel a pôr fim ao cerco a Arafat

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Por Agencia Estado
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A União Européia (UE) está fazendo pressão para que o governo israelense levante o cerco ao presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat - confinado em Ramallah, na Cisjordânia -, para que ele possa ir à cúpula árabe nos dias 27 e 28, em Beirute, no Líbano. O alto representante da UE para Política Externa e Segurança, o espanhol Javier Solana, garantiu nesta quinta-feira que o governo norte-americano está de acordo em que é importante a ida de Arafat a Beirute. Há grande expectativa da comunidade internacional sobre esse encontro, porque o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdullah Abdelaziz, pretende apresentar aos 22 chefes de Estado e de governo do mundo árabe seu plano de paz para a região, esboçado em uma entrevista concedida no mês passado ao diário norte-americano The New York Times. Na ocasião, Abdullah disse que pensava propor aos membros da liga o reconhecimento da existência do Estado de Israel em troca da retirada das tropas do país de todos os territórios ocupados em 1967. "Se queremos ter uma cúpula que seja positiva, que ajude na busca de uma solução para o conflito, Arafat tem de estar lá", disse Solana. O líder palestino está confinado em Ramallah desde dezembro. O governo israelense justifica o cerco como forma de pressionar Arafat a conter os extremistas que realizam atentados contra seus cidadãos nos territórios ocupados e em Israel. As idéias de Abdullah estão tendo boa receptividade no mundo árabe - apenas Iraque e Líbia as rejeitaram. Também foram bem acolhidas, como ponto de partida para um diálogo, pelo presidente de Israel, Moshe Katsav, e o chanceler da nação, Shimon Peres. No entanto, membros do governo israelense mais alinhados com o primeiro-ministro, Ariel Sharon, já anteciparam que a proposta é inaceitável, porque o país não pretende retirar-se de todos os territórios que ocupou (Sharon foi um dos promotores da implantação de colônias judaicas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia). O chanceler do Irã, Kamal Kharrazi - país acusado pelos israelenses de dar apoio a grupos extremistas -, qualificou nesta quinta-feira a iniciativa saudita de "apenas mais uma idéia, não um plano elaborado". Mas ressalvou: "Todo plano que leve ao retorno dos refugiados palestinos à sua terra e a liberação total dos territórios ocupados, assim como Jerusalém, é certamente positivo e será apoiado pelo Irã". Segundo o diário árabe internacional Asharq al-Awsat, publicado na Grã-Bretanha, o Irã (país muçulmano, não-árabe) expressou seu apoio à proposta de Abdullah. O vice-ministro de Exterior, Mohammad Sadr, foi pessoalmente à Arábia Saudita nesta quarta-feira para comunicar a Abdullah que o Irã "aceitará aquilo que os árabes e muçulmanos aceitem e considerem apropriado para a paz no Oriente Médio e a causa palestina", informou o jornal. Sadr teria dito que o Irã não colocará obstáculos a esses esforços. Levantamento realizado pelo instituto israelense Panorama-Mercados revelou que 52% da população aprova a iniciativa de paz da Arábia Saudita, mas 60% opõem-se à retirada unilateral das tropas dos territórios ocupados. A sondagem também mostra que, se as eleições fossem antecipadas, Sharon teria 43% dos votos. O ex-primeiro-ministro Benjamin Bibi Netanyahu, do mesmo partido do chefe de governo, o Likud, teria 51%.

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