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UE prevê aumento do fluxo de ilegais devido à crise na Líbia

Porta-voz de agência do bloco diz que todos os países europeus do Mediterrâneo podem ser afetados.

Por Marcia Bizzotto
Atualização:

Fluxo de imigrantes para Lampedusa aumentou desde o início da crise A agência de proteção de fronteiras da União Europeia (UE), Frontex, alertou nesta terça-feira que o fluxo de imigrantes ilegais procedentes do norte da África aumentará ainda mais nas próximas semanas devido à situação na Líbia. "Todos os países da região mediterrânea da União Europeia podem ser afetados", afirmou Michal Parzyszek, porta-voz da agência com sede em Varsóvia, à BBC Brasil. A Líbia é considerada uma porta importante de entrada de imigrantes ilegais para União Europeia, e o governo de Muamar Khadafi afirma que cada ano impede que cerca de 750 mil deles atravessem o Mediterrâneo. A Frontex, assim como a Comissão Europeia, braço Executivo da UE, não confirma esse número, mas a preocupação é real. "Os que falam em dezenas de milhares de imigrantes ilegais que poderiam chegar às costas italianas não estão exagerando. Estamos muito preocupados", afirmou nesta segunda-feira, em Bruxelas, o chanceler italiano, Franco Frattini. 'Alarmante' Desde o início do ano, quando os protestos na Tunísia começaram a se alastrar a outros países árabes, a pequena ilha italiana de Lampedusa, a 130 quilômetros da costa tunisiana, já recebeu cerca de seis mil imigrantes ilegais.] Em todo o ano de 2010 esse número não passou de 20, observa Parzyszek, que considera o aumento "alarmante, principalmente no caso de uma ilha de cinco mil habitantes". Segundo a Frontex, uma estimativa preliminar indica que 99% dos recém-chegados são procedentes da Tunísia, onde um movimento popular derrocou o governo de Zine Al-Abidine Ben Ali, em meados de janeiro. A agência espera ter um quadro mais claro sobre a identidade dessas pessoas e os motivos da onda de imigração "dentro de dois ou três dias", quando os especialistas europeus começarão a entrevistar os imigrantes, explicou Parzyszek. Medidas Desde o domingo passado, uma missão especial da Frontex, formada por barcos patrulheiros, aviões e 30 especialistas europeus, está em Lampedusa para ajudar as autoridades italianas a enfrentar a situação. A comissária de Interior, Cecilia Malmström, afirmou que a UE está pronta para ampliar a missão de Frontex e enviar ajuda também a outros países caso seja necessário. Ao mesmo tempo, a Alta Representante europeia para Relações Exteriores, Catherine Ashton, prometeu elaborar pacotes de ajuda específicos para os países do sul do Mediterrâneo com o objetivo de assegurar sua estabilidade econômica durante o período de transição democrática e, dessa maneira, convencer sua população a não viajar ilegalmente à Europa. Além disso, o presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystadt, anunciou nesta terça-feira que a instituição está disposta a ampliar para 6 bilhões de euros (cerca de R$ 13,7 bilhões) o teto para empréstimos aos países da região no período entre 2011 e 2013 "para colaborar com o processo de transição". Essas medidas serão avaliadas pelos ministros de Interior da UE na quinta-feira, em uma reunião de rotina em Bruxelas, mas devem ser aprovadas pelos governos de todos os países-membros para poder sair do papel. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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