A União Europeia divulgou na quinta-feira, 21, novas diretrizes para voos no bloco. As regras foram publicadas pela Agência Europeia para Segurança da Aviação (Aesa), órgão regulador, e o Centro Prevenção e Controle de Doenças. Entre as medidas estão o uso obrigatório de máscara, restrições à bagagem de mão, além da redução do serviço de bordo e da proibição da venda de produtos nos voos.
O documento de 28 páginas é um sinal de como será voar pelos próximos anos – ou até que a pandemia seja contida. “O objetivo é garantir a proteção dos passageiros contra o coronavírus em cada etapa da viagem, do início ao fim”, diz o protocolo. “O próximo passo será as companhias aéreas e as empresas operadoras de aeroportos adaptarem as diretrizes a suas instalações individualmente”, disse Patrick Ky, diretor da Aesa.
A agência formulou as diretrizes a pedido da Comissão Europeia para que os voos possam ser retomados. De acordo com o novo protocolo, o serviço de bordo será reduzido ao máximo - apenas comida lacrada e bebidas em lata serão servidas nos voos mais longos. Os passageiros terão a responsabilidade pessoal de não viajar com sintomas e respeitar rigorosamente as novas regras. De agora em diante, por exemplo, acompanhantes – amigos e parentes – terão de se despedir do lado de fora do terminal e não poderão entrar no aeroporto.
Os passageiros também ficam obrigados a fornecer dados de contato – nome, assento, telefone ou e-mail – para serem localizados caso alguém no mesmo voo seja diagnosticado com a covid-19. Outro ponto é o cumprimento do distanciamento social de 1,5 metro – quando for possível, segundo a agência. A medida é considerada uma das mais problemáticas.
A administração de alguns aeroportos, no entanto, já adiantou que a determinação é impossível de ser cumprida. John Holland-Kaye, executivo do Heathrow, de Londres, disse que essa distância física no portão de embarque significaria uma fila de um quilômetro para entrar em um Boeing 747.
O documento também determina a medição de temperatura e estabelece que ninguém viaja com mais de 38°C. Os aeroportos terão de oferecer cabines onde as autoridades devem questionar as pessoas que não puderem embarcar. No texto, porém, a agência admite que a medida não é totalmente eficaz para identificar a covid-19 e reconhece que serve mais para desencorajar o embarque de passageiros com febre. Barreiras de acrílico se tornarão comuns nos pontos de check-in e nas áreas de segurança. Os funcionários dos aeroportos deverão fornecer álcool em gel e máscaras para os passageiros que não levarem uma – elas serão obrigatórias para maiores de 6 anos.
A autoridade europeia recomenda também reduzir ao máximo as bagagens de mão para acelerar o embarque e diminuir o risco de contaminação. A limitação, no entanto, não seria uma determinação, mas uma orientação para que as companhias incentivem os passageiros, oferecendo descontos para que as malas sejam despachadas.
Nas últimas semanas, as companhias aéreas vêm discutindo o futuro do assento do meio nas aeronaves, para ampliar o distanciamento dos passageiros. Segundo a nova diretriz, em viagens dentro da Europa e para os EUA ele poderá ser ocupado. Mas, para locais mais distantes, como Indonésia e Malásia, será obrigatório deixá-lo vazio.
Usar o banheiro também ficará mais difícil. As companhias aéreas foram aconselhadas a reservar um lavatório exclusivo para a tripulação e devem evitar que os passageiros façam fila nos corredores. As autoridades alfandegárias foram orientadas a agilizar o controle de passaporte, de preferência usando tecnologia de reconhecimento facial. Algumas salas e corredores dos setores de imigração, portanto, deverão ser redesenhados para que o distanciamento seja respeitado.
A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), que reúne 290 companhias aéreas, elogiou as medidas. “As diretrizes estão de acordo com as recomendações das empresas e aeroportos”, disse a organização, em comunicado.