BRUXELAS -
Os países da União Europeia (UE) preparam um plano de contingência militar para a Líbia, em resposta aos violentos confrontos entre manifestantes e forças leais ao governante Muamar Kadafi, disseram nesta quinta-feira, 24, funcionários do bloco europeu. Um ministro francês, porém, negou que a possibilidade de uma invasão estrangeira no país do norte africano esteja sob avaliação no momento.
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A UE está planejando uma missão para resgatar da Líbia entre 5 mil e 6 mil cidadãos comunitários, informou um porta-voz da Comissão Europeia.
"Estamos buscando apoio naval, incluindo navios militares que estão na região", explicou em declarações Raphael Brigandi, porta-voz da Comissão Europeia para Gestão de Crise e Ajuda Humanitária.
Atualmente há na Líbia entre 5 mil e 6 mil cidadãos europeus - 1 mil deles em Benghazi - depois que outros 5 mil já deiram o país, acrescentou.
A ideia de uma operação militar está ainda em estado embrionário, mas é "um dos cenários possíveis", acrescentaram outras fontes comunitárias, que detalharam que a partir de Bruxelas há contatos com os países da UE para ver que meios civis e militares podem fornecer um dispositivo de emergência.
Grupos pelos direitos humanos afirmam que centenas de manifestantes já morreram durante os confrontos, após serem atingidos por tiros de forças do governo. O ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, disse ontem que provavelmente o número de mortos chegava a mil na Líbia.O ministro da Defesa da França, Alain Juppé, porém, afirmou hoje que uma intervenção militar estrangeira na Líbia não está sendo avaliada no momento. Juppé notou ainda que a ideia de se estabelecer uma zona em que seria proibido voar é algo "justo para se examinar". Forças da Líbia estão disparando em manifestantes de aviões e helicópteros, segundo relatos de várias testemunhas.Juppé foi questionado sobre a possibilidade de uma intervenção militar estrangeira na Líbia. "Não. Não há intervenção militar", afirmou ele, em entrevista à rádio France Inter. "Mas fortalecer as sanções de qualquer tipo que podem ser tomadas, em particular no espaço aéreo, é algo para se examinar."O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, disse ontem que a França e a Itália seriam os países mais bem posicionados para garantir o respeito a uma possível decisão de proibir voos sobre o país, como forma de reduzir a violência. Juppé respondeu à declaração de Gates: "As pessoas esperam tudo da França no Mediterrâneo. Vamos tentar agir juntos."
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