Um ano após morte de garoto sírio, outras 4,1 mil pessoas já naufragaram tentando chegar à Europa
Cerca de 100 mil crianças entraram desacompanhadas de seus pais no continente europeu e pelas mãos de contrabandistas
Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:
GENEBRA - Um ano após a morte do garoto Aylan Kurdi ao tentar cruzar o Mar Mediterrâneo com sua família em direção à Europa, sua foto se limitou a causar comoção. Dados apresentados nesta sexta-feira, 2, pela ONU apontam que desde a difusão da imagem do garoto sírio, pelo menos 4,1 mil pessoas morreram naufragadas tentando migrar para a Europa, um número ainda maior do que o registrado nos meses que antecederam à morte do menino.
Por dia, aproximadamente 11 mulheres, homens e crianças morreram no mar nos últimos 12 meses. Cerca de 100 mil crianças ainda entraram na Europa sem seus pais, enquanto 500 mil menores recorreram a grupos criminosos e contrabandistas para fazer a viagem até o continente europeu.
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Na avaliação da Unicef, essa relação entre crianças e contrabandistas pode significar que, uma vez no porto de destino, esses menores tenham de trabalhar ou se prostituir para pagar pelos serviços que os garantiram a chegada à Europa. Em média, a viagem tem custado a cada imigrante cerca de US$ 3 mil.
A ONU admite que o número de travessias caiu depois que Europa e Turquia fecharam um acordo para lidar com os refugiados. Ainda assim, nos oito primeiros meses do ano, um total de 281 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo em busca de uma nova vida. No trecho onde o garoto sírio morreu, o fluxo de pessoas foi amplamente reduzido. Em janeiro, 67 mil refugiados passaram pela região entre a Turquia e a Grécia, contra apenas 3,4 mil em agosto.
Mas o fluxo não foi interrompido entre o Norte da África e o sul da Itália. No total, 115 mil pessoas usaram essa rota apenas em 2016, um volume similar ao de 2015.
Ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
1 / 15Ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
O menino Aylan Kurdi, de 3 anos, morreu em um naufrágio, quando tentava cruzar o Mar Egeu para chegar à Grécia. Ele estava com o pai, a mãe e o irmão ... Foto: ReproduçãoMais
ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
O menino Aylan Kurdi, de 3 anos, encontrado morto na costa da Turquia tentou seguir para a Europa depois que o Canadá rejeitou o pedido de asilo de su... Foto: REPRODUCAOMais
ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
Aylan Kurdi, de 3 anos, virou símbolo da crise migratória. Ele e a família fugiam de Kobane, cidade que foi palco palco de intensos conflitos entre mi... Foto: ReproduçãoMais
ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
As autoridades canadenses de imigração rejeitaram o pedido em razão da falta de vistos que permitissem a saída da família da Turquia e de um documento... Foto: ReproduçãoMais
ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
'Meus filhos escaparam das minhas mãos', disseo pai Aylan,Abdullah Kurdi Foto: REPRODUCAO
ilustrações homenageiam menino sírio morto em praia
A família é da cidade síria de Kobane, palco de intensos confrontos entre o Estado Islâmico e milícias curdas. Essa era a segunda vez que tentavam che... Foto: ReproduçãoMais
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O menino Aylan Kurdi, de 3 anos, morreu em um naufrágio, quando tentava cruzar o Mar Egeu para chegar à Grécia. Ele estava com o pai, a mãe e o irmão ... Foto: ReproduçãoMais
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Pelo menos 12 imigrantes sírios que fugiam do Estado Islâmico e da guerra civil no país, entre eles 8 crianças, morreram no naufrágio Foto: Reprodução
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O menino Aylan Kurdi, de 3 anos, encontrado morto na costa da Turquia tentou seguir para a Europa depois que o Canadá rejeitou o pedido de asilo de su... Foto: ReproduçãoMais
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As autoridades canadenses de imigração rejeitaram o pedido em razão da falta de vistos que permitissem a saída da família da Turquia e de um documento... Foto: reproduçãoMais
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'Meus filhos escaparam das minhas mãos', disseo pai Aylan,Abdullah Kurdi Foto: Reprodução
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Pelo menos 12 imigrantes sírios que fugiam do Estado Islâmico e da guerra civil no país, entre eles 8 crianças, morreram no naufrágio Foto: Reprodução
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O menino Aylan Kurdi, de 3 anos, morreu em um naufrágio, quando tentava cruzar o Mar Egeu para chegar à Grécia. Ele estava com o pai, a mãe e o irmão ... Foto: ReproduçãoMais
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O menino Aylan Kurdi, de 3 anos, encontrado morto na costa da Turquia tentou seguir para a Europa depois que o Canadá rejeitou o pedido de asilo de su... Foto: ReproduçãoMais
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A família é da cidade síria de Kobane, palco de intensos confrontos entre o Estado Islâmico e milícias curdas. Essa era a segunda vez que tentavam che... Foto: ReproduçãoMais
O que deixa a ONU preocupada, porém, é o número de mortes. A cada 42 pessoas que cruzaram o mar para a Itália neste ano, uma delas morreu. Em 2015, a taxa era de uma morte a cada 52 pessoas. Com esses números, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) já estima que 2016 é o ano mais mortal da história na região central do Mar Mediterrâneo. Hoje, as chances de uma pessoa morrer entre a Líbia e a Itália são 10 vezes maiores do que entre a Turquia e Grécia.
"Esses números apontam para a urgente necessidade de que governos encontrem caminhos para a admissão de refugiados para que não tenham de recorrer às viagens perigosas nas mãos de contrabandistas", disse o porta-voz da ONU para Refugiados, William Spindler. Segundo ele, a morte de Aylan Kurdi resultou numa "expressão sem precedentes de simpatia e solidariedade pelos refugiados".
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Mas a ONU lembra que a chegada de mais de 1 milhão de imigrantes aos países europeus em 201, também provocou uma onda de hostilidades e tensões na sociedade.
Foto de menino sírio morto em naufrágio é capa de jornais pelo mundo
1 / 7Foto de menino sírio morto em naufrágio é capa de jornais pelo mundo
wall street journal
Capa do americano Wall Street Journal. Leia mais sobreo caso domenino sírio que morreu em um naufrágiona Turquia Foto: Reprodução
The Sun
Capa do britânico The Sun. As imagens chocantes do bebê sírio Aylan Kurdiprovocaram um intenso debate sobre a sua divulgaçãona imprensa mundial. Foto: Reprodução
The Guardian
Capa do jornal britânico The Guardian.O menino Aylan Kurdi, de 3 anos, encontrado morto e cuja imagem chocou o mundo,tentou seguir para a Europa pois ... Foto: ReproduçãoMais
NYT
Capa do jornal americano The New York Times Foto: Reprodução
daily mail
Capa do jornal Daily Mail Foto: Reprodução
Independent
Capa do jornal da Grã-Bretanha Independent Foto: Reprodução
Washington Post
Capa do jornal americano Washington Post Foto: Reprodução
"Refugiados e imigrantes têm sofrido ataques racistas e xenófobos, preconceito e discriminação", disse Spindler. "O desafio atual da Europa é de garantir apoio suficiente para que essas pessoas possam se integrar e contribuir para a sociedade", afirmou.
Nesse esforço, o Acnur pede que governos declarem seus compromissos com planos nacionais para garantir a integração desses refugiados. Além disso, a classe política precisa insistir que esses refugiados contribuam para suas novas sociedades e que se adote ações para prevenir o racismo.