Um 'discípulo' do reformista Rafsanjani

Rohani ganhou espaço na eleição após ter o apoio de líder moderado que foi presidente até 1997; eleito quer amenizar sanções

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Semanas após a vitória eleitoral de Mahmoud Ahmadinejad, em 2005, o homem que ocupava o cargo de principal negociador nuclear do Irã, Hassan Rohani, pediu demissão. O motivo: atritos com o chefe de governo eleito. A decisão consolidou a reputação de Rohani como um moderado, que rejeitava a atitude beligerante do novo presidente em assuntos internacionais. Ele advogava uma filosofia mais matizada, defendida pelo principal rival de Ahmadinejad, o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani. Este foi excluído da eleição de sexta-feira pela Justiça. Para muitos reformistas e liberais no Irã, Rohani, de 64 anos, é de certo modo uma imagem espelhada de Rafsanjani, de 78 anos, ao refletir a visão de que o Irã pode manter seu programa nuclear e, simultaneamente, aliviar as tensões com o Ocidente. "Rafsanjani era, de fato, a única opção para revigorar os reformistas", disse Rasool Nafisi, um analista de assuntos iranianos na Universidade Strayer de Virgínia, nos EUA. "Rohani só obteve esse apoio porque é visto como homem de Rafsanjani e votar nele equivaleria a apoiar o ex-presidente." Essa relação profunda entre os dois poderá dar à presidência de Rohani uma dupla natureza: ele como a face pública e Rafsanjani, por trás do pano, como seu poderoso padrinho e protetor. Embora todas as principais políticas iranianas, como o programa nuclear, sejam conduzidas pelo regime clerical, a aliança com Rafsanjani pode dar a Rohani mais fôlego para colocar sua marca nas táticas de negociação do Irã com as potências mundiais. Em comícios de campanha, Rohani prometeu buscar uma "interação construtiva com o mundo", o que inclui esforços para atenuar as preocupações ocidentais com o programa do Irã e obter o levantamento das sanções internacionais punitivas que têm esmagado a economia iraniana. Rohani chefiou negociadores nucleares na presidência de Mohamed Khatami, período em que o Irã congelou o programa atômico, amenizou o controle social e dialogou com o Ocidente. / AP e NYT

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