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Um em cada 5 consumidores de maconha está registrado no Uruguai

Pesquisa nacional revela que 238 mil pessoas com mais de 17 anos no país consumiam maconha em 2018

Por Carlos Tapia e Montevidéu
Atualização:

MONTEVIDÉU - No Uruguai, um país com pouco mais de 3 milhões de habitantes, 238 mil pessoas com mais de 17 anos consumiam maconha em 2018, revelou a última Pesquisa Nacional de Consumo de Drogas pelas Famílias. Destes, apenas um em cada cinco era registrado para obter a substância legalmente.

A importação do canabidiol para fins terapêuticos foi regulada pela Anvisa em 2015 Foto: Tiago Queiroz / Estadão

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“Isso não significa que todos aqueles que não estão registrados tenham se abastecido no mercado ilegal. Deve-se considerar que se trata de uma substância psicoativa de uso compartilhado. Para cada pessoa registrada para o cultivo doméstico, estimamos que existam pelo menos mais duas que têm acesso à cannabis”, diz Diego Olivera, secretário-geral da Junta Nacional de Drogas.

Um estudo divulgado em setembro pela consultoria Factum alerta que enquanto em 2014 – quando as políticas de regulamentação começaram a ser implementadas – 9,3% da população uruguaia declarou ter consumido maconha, em 2017 esse número passou para 15,4%. No Chile, onde não foi realizada uma política de regulação, o consumo nesse período passou de 11,3% para 14,8%.

A Lei 19.172, que regulamentou a maconha no Uruguai, estabelece em seu artigo 12.º que a Junta Nacional de Drogas (JND) é “obrigada a realizar campanhas educativas, publicitárias e de divulgação e conscientização da população em geral sobre os riscos, efeitos e possíveis danos do uso de drogas”. 

Lacalle Pou, candidato a presidente pelo Partido Nacional, que não apoiou a liberação da maconha, mas concorda com o cultivo próprio, adverte que isso não é cumprido. É o que também diz Ernesto Talvi, candidato a presidente pelo Partido Colorado. “Um dos grandes erros cometidos no Uruguai foi liberalizar a maconha em uma atmosfera festiva. Algumas campanhas foram feitas, mas nestas os danos do consumo foram relativizados. Já existem pesquisas mostrando as consequências disso: segundo um estudo da JND, apenas 40% da população do ensino médio crê que o uso de maconha apresenta riscos à saúde”, diz Talvi.

O Tribunal de Contas está analisando as finanças do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Ircca), a agência responsável pelo controle da venda de maconha. Segundo o jornal El País do Uruguai, embora a estatal possa ser financiada sem assistência do Estado, a cada ano esse instituto recebe cerca de US$ 570 mil pelo que recebe das licenças e permissões para plantar e vender a droga.

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