Um milhão de americanos sofrem com relações amorosas violentas

É o que concluiu pesquisa do Centro Nacional de Prevenção de Lesões, integrado ao Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais de um milhão de adolescentes norte-americanos são vítimas de violência física em suas relações amorosas, o que sugere um mundo de sofrimento pouco conhecido e difícil de ser abordado. "É um problema sério e um assunto de grande preocupação", disse à EFE Matt Breiding, analista do Centro Nacional de Prevenção de Lesões, integrado ao Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A instituição realizou um estudo que revela que um em cada 11 alunos que freqüentam a High School - entre 14 e 18 anos aproximadamente -, foi agredido fisicamente por um companheiro. O relatório analisa dados reunidos pelo CDC em 2003 e revela que os casos de violência física acontecem com maior freqüência entre estudantes afro-americanos (13,9%) e hispânicos (9,3%). As ocorrências envolvendo adolescentes brancos são apenas 7%. Segundo Breiding, os números são "inaceitáveis" e refletem um problema difícil de ser abordado, uma vez que os adolescentes não costumam falar sobre o assunto. Os pesquisadores ressaltam que os jovens que sofrem violências cometidas por seus parceiros estão mais vulneráveis às "condutas de risco", como beber em excesso, participar de brigas ou tentar suicídio. Cerca de 8,9% dos meninos e 8,8% das meninas afirmaram ter sido agredidos durante uma relação. Rita Noonan, especialista em conduta da Divisão de Prevenção da Violência do Centro Nacional de Prevenção de Lesões, afirmou que os resultados poderiam ser diferentes caso, além de agressões físicas, incluíssem abusos sexuais, verbais ou psicológicos. O documento não aborda os efeitos das agressões na fase adulta ou a influência de um ambiente familiar conflituoso nas atitudes dos adolescentes em seus relacionamentos amorosos, mas outras pesquisas sugerem que existe uma relação entre esses fatores. O psiquiatra Luis Marcos, ex-diretor do sistema de hospitais públicos de Nova York, afirma em que o problema nasce nos primeiros anos da vida, é cultivado e desenvolvido durante a infância e começa a dar os primeiros sinais na adolescência. Por isso, segundo uma obra de sua autoria, os programas preventivos mais eficazes são aqueles dirigidos às crianças ao longo dos 12 primeiros anos de vida, quando há mais possibilidade de estimulação da compaixão e da tolerância, entre outros aspectos. O CDC lançou um programa chamado ChooseRespect, com o qual pretende ensinar crianças de 11 a 14 anos sobre a importância do respeito. A iniciativa será colocada em prática em dez cidades e será desenvolvida também pelo site oficial do programa na internet. Na rede mundial de computadores o internauta pode assistir a um vídeo com histórias de jovens que sofreram abusos e ter acesso a outros materiais úteis para pais e educadores. Abandonar antigas afeições, se distanciar da família e dos amigos, mudar a aparência bruscamente e comer muito ou muito pouco são sinais que podem indicar que o adolescente vive uma relação violenta. "Recomendamos aos pais que mantenham aberta a comunicação com seus filhos adolescentes, que falem e escutem, ao invés de apenas julgá-los e ser críticos", concluiu Noonan.

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