Um réu em busca da pena de morte

Autor de massacre no Texas quer ser executado

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O ex-psiquiatra do Exército americano Nidal Hassan, acusado pelo massacre de 13 soldados em Fort Hood, em 2009, está tentando, deliberadamente, ser condenado à morte. O advogado Kris Poppe disse ontem que tentou convencer o tribunal a impedir que Hassan representasse a si mesmo na corte e se ofereceu para representá-lo no julgamento.

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"Está claro que seu propósito é remover os impedimentos e obstáculos para que seja aplicada a pena de morte", afirmou Poppe, que foi interrompido pelos protestos de Hassan. "As evidências vão provar claramente que sou o autor dos disparos", afirmou Nidal Hassan, no início do julgamento, na terça-feira.

Hassan é acusado de matar 13 e ferir 32 pessoas em um ataque em novembro de 2009. Ele nasceu em Virgínia, é filho de pais palestinos, tem 42 anos e ficou paraplégico ao ser atingido no tiroteio. O militar pode ser condenado à morte se for considerado culpado.

Depois de ter dispensado seus advogados, o ex-psiquiatra obteve o direito de defender a si mesmo no julgamento que terá 250 testemunhas de acusação. Ele afirmou que só convocará duas testemunhas em sua defesa. Para Richard Rosen, coronel reformado e professor de direito na Universidade Texas Tech, as provas contra Hassan são tão evidentes que não há dúvidas de que ele será condenado.

O ataque foi o mais violento já registrado em uma base militar americana. O alto comando do Exército foi severamente criticado por ter ignorado os sinais do comportamento de Hassan, que, segundo o FBI, trocava correspondências com o imã radical Anwar al-Awlaqi, morto em um ataque com drones americanos no Iêmen, em setembro de 2011. O acusado, que devia ser enviado ao Afeganistão antes do ataque, declarou que queria defender seus irmãos muçulmanos de uma guerra ilegal no país.

Hassan é considerado um "lobo solitário" da Al-Qaeda e foi reconhecido por várias testemunhas. A juíza militar Tara Osborn insistiu que, durante o processo, o acusado se concentre nos fatos e não em implicações mais amplas.

Ela Também proibiu a acusação de mencionar o "terrorismo" como o motivo do ataque e Hassan de tentar provar que queria salvar a vida de muçulmanos no Afeganistão. No entanto, especialistas preveem que o acusado, certamente, recorrerá a essa estratégia.

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/ AFP

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