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Uma crise com os herdeiros do trono do Japão

Por Agencia Estado
Atualização:

Algo sério passa-se atrás das fechadíssimas paredes do palácio imperial japonês. Depois que o príncipe herdeiro Naruhito inusitadamente acusou, em público, pessoas, que não identificou, de ?rejeitarem? a experiência de sua mulher, a ex-diplomata e poliglota princesa Masako, um alto funcionário palaciano apressou-se a prometer, hoje, esforçar-se ao máximo para atender as necessidades do casal. Masako, de 40 anos, não é vista em público desde dezembro, quando lhe foi diagnosticado um stress causado por infecção virótica. Os japoneses estão cada vez mais preocupados com seu estado ? especialmente depois que a princesa não conseguiu se recuperar a tempo de participar dos casamentos reais na Dinamarca e na Espanha, este mês. Naruhito deixou Tóquio, hoje, para ir às cerimônias sozinho. Hideki Hayashida, responsável pelo cerimonial do Palácio Togu, a residência oficial do príncipe herdeiro, prometeu, então, tentar ajudar. ?Levei muito a sério a profunda angústia sentida pelo casal?, disse o funcionário em uma coletiva à imprensa. ?Espero poder estabelecer suas visitas ao exterior e obrigações públicas em conformidade com suas idéias.? Masako, que abandonou uma carreira na elite da diplomacia japonesa para casar-se como o herdeiro do Trono do Crisântemo, esteve no exterior apenas cinco vezes, desde seu casamento em 1993. Muitos observadores palacianos esperavam que a princesa, de cabeça moderna, educada em Oxford e Harvard, pudesse tornar a família imperial mais acessível ao povo. Mas ela submeteu-se ao papel tradicional de princesa. Masako deu à luz a única filha do casal em 2001 e tem estado sob intensa pressão para produzir um herdeiro masculino. A constituição japonesa permite que apenas homens subam ao trono, embora pesquisas de opinião pública mostrem grande apoio a uma sucessão feminina. Hayashida deu a entrevista de hoje depois que o príncipe Naruhito pareceu responsabilizar pessoas, que tentam repudiar sua aptidão e experiência como diplomata, por sua doença. ?Masako tentou da melhor forma possível, nesses 10 anos, se ajustar à vida do palácio, mas isto a deixou exausta. A verdade é que há movimentos para menosprezar a carreira de Masako e sua personalidade", disse Naruhito em uma entrevista à imprensa no início da semana. Para Ken Ruoff, autor de The People´s Emperor e diretor do Centro de Estudos Japoneses da Universidade Estadual de Portland, a crítica áspera e pública à Agência do Cerimonial Imperial e seu staff não tem precedentes. ?Acho que o príncipe podia estar criticando aqueles que vêem Masako como nada mais do que uma máquina de fazer bebês, em vez de uma pessoa bastante cosmopolita, que pode ter um grande papel diplomático e quer muito tê-lo?, diz Ruoff. O popular comentarista Naoki Inose está cético quanto à promessa de Hayashida de flexibilização, dizendo que os burocratas da agência não fazem nada que envolva risco. ?Suas observações são típicas do porta-voz da agência. Fala polidamente e evasivamente sobre o assunto?, acredita Inose. O jornal também Asahi pressiona os burocratas a dar um tempo ao casal e permitir-lhes mais viagens ao exterior. ?Com Masako exausta de o príncipe herdeiro angustiado, é difícil para o público sentir-se mais próximo deles?, diz o Asahi em editorial de hoje. ?A Agência de Cerimonial Imperial não pode lhes dar mais liberdade? Queremos ver um príncipe e uma princesa vigorosos.?

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