
18 de dezembro de 2010 | 00h00
Quando as urnas apontaram que essa maioria confortável - que dava verniz de legalidade a qualquer decisão do presidente - já não existiria, muitas vozes venezuelanas alertaram que um pacote de leis que radicalizariam o projeto do "socialismo do século 21", de Chávez.
O líder bolivariano usou todos os instrumentos a seu alcance para obter o número mágico de 101 cadeiras, que lhe garantiria a hegemonia na Assembleia - incluindo um redesenho da distribuição de deputados por distritos eleitorais que favoreceria amplamente o chavismo.
A estratégia não deu certo. Desgastado por 11 anos de governo e uma série de decisões polêmicas, de expropriações e nacionalizações generalizadas ao assédio e cassações de licenças de emissoras de rádio e TVs privadas, Chávez não conseguiu eleger mais do que 98 deputados. A oposição elegeu 65 - o suficiente para evitar que a Assembleia, que toma posse dia 5, se mantenha como uma mera avalista das medidas ditadas pelo Executivo.
A saída para concentrar o máximo de poder sem ter de negociar com os líderes da oposição na próxima legislatura era previsível, segundo a análise dos próprios políticos opositores: acelerar a aprovação do maior número possível de projetos por meio de sua maioria em fim de mandato no Legislativo e, por garantia, obter a Lei Habilitante - instrumento constitucional presente na política venezuelana há várias décadas -, que lhe permitirá governar por decreto por um ano.
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