Uma geração alheia ao fenômeno Diana, 20 anos depois 

Jovens entre 18 e 24 anos a conhecem apenas como alguém que morreu em um acidente de carro

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Por Patrick Kingsley
Atualização:

Comendo morangos ao lado de um monumento em homenagem à princesa Diana, duas adolescentes se questionavam quando a princesa morreu. Foi em 2000? Ou em data mais recente? 

A revelação de que sua morte ocorreu em 1997 – há 20 anos – pegou-as de surpresa. “Eu nem tinha nascido”, disse Floss Willcocks, de 18 anos, que começará a fazer faculdade este ano. “Os jovens não sabem muita coisa sobre ela”, acrescentou o amigo, Caleb Brown, também de 18 anos. “Na verdade, ela não é um ícone para o pessoal da nossa idade.”

A visita de quatro dias da princesa a Angola mudou o jeito que o mundo via o problema das minas terrestres; vários países ainda reticentes se comprometeram a cumprir um tratado para limpar o mundo desses explosivos Foto: Juda Ngwenya REUTERS

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Esta conversa ressaltou o fosso que existe em termos de pressupostos culturais e aspirações políticas entre os britânicos mais velhos e os mais jovens, o que ficou patente também na votação sobre a saída da Grã-Bretanha da União Europeia.

Quando Diana morreu em um acidente de carro em Paris, o país lamentou sua morte como a de um herói nacional. Mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas em Londres para assistir ao cortejo fúnebre, que foi acompanhado por mais da metade dos britânicos pela TV.

Admirada por sua filantropia, calor humano e glamour – e também pelo traumático divórcio do príncipe Charles, herdeiro do trono britânico –, Diana ainda é símbolo da sua era para todos os que têm idade suficiente para se lembrar dela.

Ao dar entrevistas francas sobre sua vida pessoal, ou aparecendo ao lado de vítimas da aids numa época em que elas eram estigmatizadas, Diana modernizou a imagem vitoriana da realeza. Sua morte, que provocou um extravasamento de tristeza, também desmentiu a noção de que os britânicos não conseguem exteriorizar seus sentimentos.

Mas, para os jovens, o aniversário desta semana não tem tanta ressonância. “Há uma curiosa divisão”, afirmou Richard Power Sayeed, autor de 1997, livro que será publicado em breve sobre os fatos ocorridos na Grã-Bretanha naquele ano.

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Para os britânicos mais jovens, “ela é basicamente como a princesa Grace de Mônaco, mas mais recente”, disse Power, que conversou com mais de 50 pessoas sobre suas lembranças. “Esses jovens não compreendem o quanto isso importa e como ela foi importante.”

Pesquisa recente do YouGov, apoiando em parte a tese de Power, indica que os britânicos com mais de 50 anos de idade lembram de Diana por sua reputação – a “princesa do povo”, como foi chamada pelo então premiê Tony Blair por ocasião da sua morte. Por sua vez, os jovens entre 18 e 24 anos a conhecem apenas como alguém que morreu em um acidente de carro.

Segundo os dois jovens comendo morangos, foi só depois, quando o filho mais velho de Diana, William, casou-se com Kate Middleton, há alguns anos, que começaram a entender quem era ela e o que ela representou. “Hoje, tudo tem a ver com Kate. Ela é um ícone para nossa geração. É a Diana da nossa era”, disse Floss. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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