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Uma lembrança de quanto os riscos são abundantes na Ásia

Por Cenário: William Pesek e Bloomberg
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Se existe algo que conhecemos do regime de Kim Jong-il é que não sabemos nada sobre o que ocorre dentro dele. Nem sequer sabemos se ele aprovou o ataque que matou quatro sul-coreanos na terça-feira. Alguns observadores dizem que pode ter sido trabalho de generais sem princípios descontentes com o fato de o caçula de Kim, Kim Jong-un, substituir o pai doente. Ninguém sabe ao certo. O ataque tem três implicações que valem uma análise. A primeira é que é um golpe duro para a próspera economia da Coreia do Sul, que pode ter consequências em termos de classificação de risco de crédito. Em segundo lugar, põe a China numa situação delicada como raramente ocorreu antes de ela passar a controlar as autoridades em Pyongyang. E, por último, é uma lembrança de que os riscos geopolíticos são abundantes na Ásia. O Ministério das Finanças da Coreia do Sul adotou um sistema emergencial de monitoramente do mercado financeiro 24 horas por dia. De acordo com as autoridades, elas estão acompanhando de perto os índices coreanos e todas as medidas tomadas por empresas de classificação de risco e por investidores estrangeiros. De fato, quantas nações precisam gerenciar uma sala de guerra econômica? Isso nos sugere a situação em que o presidente Lee Myung-bak se encontra. O conceito do presidente sul-coreano estava em alta no inicio do mês após a impressionante organização da reunião de cúpula do G-20. E agora, pouco depois de Barack Obama e Hu Jintao deixarem a cidade, Lee se debate com uma crise que pode ser muito mais grave do que o afundamento, em março, de uma corveta sul-coreana que matou 46 marinheiros.Para Hu, a ocasião não poderia ser pior. A China está lutando para manter nos trilhos sua economia superaquecida. As autoridades chinesas precisam desacelerar o crescimento e, ao mesmo tempo, assegurar que seus esforços não despertem o antagonismo de centenas de milhões de chineses querendo salários mais altos. Você pode achar que o regime de Hu já tem muita responsabilidade e está na hora de pôr freios na Coreia do Norte. A China tem uma grande influência financeira sobre Pyongyang. E pode apostar que Hu será pressionado pelos líderes globais, incluindo Obama. O risco geopolítico na região é uma notícia terrível para investidores de todas as partes. Um golpe repentino em Pyongyang, por exemplo, pode inquietar os investidores. Pôr um fim à desastrosa dinastia Kim é algo que seduz muita gente. Mas algum general desconhecido, sem princípios, pode não ser um avanço.

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