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Unasul cria novo foro regional sobre segurança

Por Tania Monteiro , Tiago Décimo e Costa do Sauípe (BA)
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Depois de mais de um ano de discussão, o Conselho Sul-Americano de Defesa foi oficialmente criado ontem durante uma rápida reunião de cúpula da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), na Costa do Sauípe, na Bahia. Além de prevenir conflitos na região, o conselho tem, entre seus objetivos, fomentar a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa. Além disso, ele servirá como foro para decidir problemas comuns aos países sul-americanos, afastando das discussões países alheios à região. A primeira reunião do conselho será realizada até março, ainda sob a presidência do Chile na Unasul. O novo órgão deverá também servir como um elemento de distensão diante de impasses como o ocorrido entre a Colômbia e o Equador, quando as Forças Armadas colombianas violaram a fronteira equatoriana para atacar um comando guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), provocando uma crise diplomática. O ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, que participou do encontro na Costa do Sauípe, informou que está empenhado, por exemplo, na integração da indústria de defesa da região. Com base em uma ampla pesquisa sobre as indústrias de defesa do continente, Jobim estima que "há muito o que fazer nesse setor". Na reunião de ontem, a Unasul aprovou também a criação de um Conselho de Saúde, para a adoção de medidas comuns na área sanitária. A Unasul aprovou uma resolução que defende a proteção dos sistemas democráticos frente a ameaças internas ou externas e rejeita a "presença e ação" de grupos armados ilegais. A iniciativa aparece na declaração final da cúpula. A resolução reitera o compromisso dos 12 membros da Unasul com "a convivência pacífica dos povos, a vigência dos sistemas democráticos de governo e sua proteção, em matéria de defesa, frente a ameaças e ações externas ou internas". Os membros da Unasul evitaram polemizar sobre a confusão envolvendo a indicação do ex-presidente da Argentina Nestor Kirchner para o cargo de secretário-geral da organização. Nos últimos dias, o Uruguai ameaçou retirar-se da Unasul caso Buenos Aires insistisse na aprovação de Kirchner para o posto. O chanceler Celso Amorim afirmou que o tema não foi discutido em profundidade, mas que há um "sentimento de urgência" na definição do secretário-geral até abril de 2009.

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