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Unasul estreia na Venezuela como observador eleitoral

Missão vai acompanhar eleição disputada por Hugo Chávez e Henrique Capriles no próximo domingo

Atualização:

CARACAS - Uma missão de observadores da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) estará presente nas eleições deste domingo na Venezuela. É a primeira vez que uma delegação do organismo exerce esse papel em eleições presidenciais na região. "As observações sempre são difíceis, mais ainda em sociedades polarizadas", disse à BBC o chefe da missão, o argentino Carlos "Chacho" Alvarez.

 

"(Na Venezuela) há uma polarização alta, mas a vantagem é que coexiste com um sistema eleitoral confiável", disse. "Não há margem para nenhum tipo de fraude". Segundo o chefe da missão da Unasul, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano forneceu uma série de auditorias técnicas sobre o sistema de votação automatizado que vem sendo usado em eleições durante boa parte dos 14 anos da presidência de Hugo Chávez. "Todas estas auditorias foram aprovadas e assinadas pelo conjunto dos partidos que participam. Não houve questionamentos ao tipo de funcionamento, às máquinas eleitorais, nem ao sistema de totalização", disse.

 

Sem dúvidas

 

A missão da Unasul está em Caracas desde o fim de semana, e em sua agenda estiveram reuniões com as diferentes forças políticas que disputam o pleito. A comitiva também manteve encontros com representantes de meios de comunicação privados, a Conferência Episcopal e as autoridades eleitorais. "Falamos com pessoas a favor e contra (o governo de Chávez) e ninguém coloca em dúvida a confiabilidade do sistema de votação", afirma Álvarez. Ele tem experiência pessoal em crises políticas. Foi vice-presidente da Argentina em 1999, na chapa de Fernando de la Rúa. No entanto, renunciou ao cargo no ano seguinte, em meio a um escândalo de subornos no Senado que respingou em De la Rúa e que atualmente se desenrola nos tribunais.

 

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Antecedentes Mas o desafio que Álvarez terá na Venezuela é diferente. Em alguns setores da oposição ainda há certa desconfiança em torno dos observadores internacionais, especialmente desde o referendo revogatório de 2004, que buscou, sem sucesso, encurtar o mandato de Chávez. A oposição venezuelana na época alegou uma fraude, que não foi comprovada. Diante do aval dos observadores internacionais ao resultado daquela votação, seguiram-se fortes críticas a observadores como o ex-presidente americano Jimmy Carter e o ex-presidente colombiano César Gaviria.

 

"Até agora não recebemos críticas nem questionamentos. Isso é um acompanhamento da Unasul, um organismo de caráter plural, com diferentes projetos e visões (políticas)", disse Álvarez.

 

Em busca de uma aproximação com os diferentes setores políticos na Venezuela, a missão da Unasul já manteve encontros com os comandos de campanha de Henrique Capriles e Chávez. Também planeja se reunir com os próprios candidatos. "Estão em disputa duas visões quase antagônicas de qual deve ser o caminho que a Venezuela deve seguir, mas mesmo dentro desse antagonismo e polarização, e de discursos duros, o clima é razoavelmente calmo", disse Álvarez. "Esta é a primeira missão na qual todos os países do bloco participam", afirmou, referindo-se à mecânica da missão da Unasul na Venezuela. "Haverá quatro funcionários por país, umas 44 pessoas no total, com um perfil claramente técnico; 90% dos acompanhantes são funcionários dos diferentes organismos eleitorais dos países que representam: magistrados, jurados, técnicos", disse. Após o fim da jornada eleitoral, a missão redigirá um informe sobre o que foi observado no processo, que será entregue à presidência da Unasul, atualmente ocupada pelo Peru.

 

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