Unasul se reúne e deve ratificar Néstor Kirchner como secretário-geral

Candidatura do argentino já foi aprovada por chanceleres e deve ser aceita por presidentes

PUBLICIDADE

Por Marcia Carmo
Atualização:

BUENOS AIRES - Os presidentes dos países da Unasul (União de Nações Sul- Americanas) se reúnem nesta terça-feira, 3, em Los Cardales, na província de Buenos Aires, um dia depois de autoridades diplomáticas anunciarem que o ex-presidente da Argentina Nestor Kirchner é o único candidato a disputar o cargo de secretário-geral do bloco. "Decidimos propor o nome de Nestor Kirchner como candidato para assumir a secretaria do organismo", disse o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, após a reunião. O chanceler informou ainda que a decisão teria sido "por consenso" dos 12 países que integram o bloco regional. A eleição promete ser o principal assunto da reunião que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros líderes da região. Até minutos antes das declarações de Patiño, a dúvida era em relação ao voto do Uruguai. Mas o chanceler uruguaio, Luis Almagro, participou do encontro que terminou em "consenso", segundo Patiño. Segundo diplomatas brasileiros e argentinos, a eleição de Kirchner estará confirmada mesmo se o presidente uruguaio José "Pepe" Mujica optar pela abstenção. Disputa Na segunda-feira, assessores de imprensa de Mujica disseram que "não há uma posição tomada ainda. Somente nesta terça haverá o anúncio do voto do Uruguai". Em 2008, o então presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, (2005-2010) foi contra a eleição de Kirchner e a definição acabou adiada. Na ocasião, Vázquez vetou o nome de Kirchner em meio às disputas entre os dois países em relação à construção de uma fábrica de celulose na fronteira. Recentemente, o Tribunal de Haia definiu que o Uruguai "errou" ao não informar a Argentina sobre esta construção, mas não determinou a mudança de endereço da fábrica. Na chegada à Buenos Aires, na comitiva do presidente Lula, o assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que Kirchner conhece a região e poderá acelerar os trabalhos das comissões e "manter a Unasul viva". O mandato do secretário-geral da Unasul é de dois anos. Marido da presidente Cristina Kirchner, o ex-presidente é deputado federal e discute-se se ele deveria se licenciar do cargo legislativo. Especula-se ainda que ele poderia ser candidato à presidente, no ano que vem.

 

PUBLICIDADE

O líder do governo na Câmara, Agustín Rossi, disse que a cadeira de deputado "não é incompatível" com a de secretário-geral da Unasul.

Reunião

A reunião extraordinária do bloco deverá contar com a presença de quase todos os 12 chefes de Estado do grupo, mas os presidentes do Peru, Alan García, e da Colômbia, Álvaro Uribe, informaram que não vão comparecer. A Unasul foi criada em dezembro de 2004, mas até agora somente quatro países ratificaram a formação do bloco em seus respectivos Congressos. Além do Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia, os países que formam a Unasul são, Paraguai, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana Francesa (que é território ultramarino francês). Entre os outros assuntos a serem abordados no encontro, estão a situação no Paraguai, onde o presidente Fernando Lugo declarou estado de exceção em cinco Estados, o tráfico de drogas na região e o apoio à Argentina na disputa pelas ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos). Além disso, será discutida a relação com Honduras e a continuidade da ajuda ao Haiti e ao Chile, afetados por terremotos, em janeiro e em fevereiro, respectivamente. No caso de Honduras, Marco Aurélio Garcia destacou que o Brasil mantém sua postura de que o novo governo deve aceitar o retorno de Manuel Zelaya ao país. "Os que organizaram aquilo tudo (na derrubada de Zelaya) não tiveram problemas, mas Zelaya sim. Não pode voltar ao país", afirmou.

 

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.