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União de Argentina com Brasil não prejudica EUA, diz Botafogo

Por Agencia Estado
Atualização:

O embaixador do Brasil na Argentina, José Botafogo Gonçalves, afirmou que a aproximação mais estreita entre os dois principais sócios do Mercosul não trará nenhuma consequência negativa para os Estados Unidos. Segundo Botafogo, a política externa americana poderia se tranquilizar e se beneficiar com os vínculos diplomáticos, comerciais, empresariais e financeiros entre o Brasil e a Argentina. ?Não vejo a possibilidade de uma repercussão negativa, no governo dos Estados Unidos, da prioridade que o Brasil e a Argentina dão às relações bilaterais?, afirmou o embaixador. ?Os Estados Unidos só têm a ganhar com isso?, completou. Na última sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, já havia rebatido as supostas críticas de autoridades do Departamento de Estado à aliança Brasil-Argentina e reafirmado que os dois sócios continuarão a negociar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) escudados pela posição comum do Mercosul. Conforme reportagem publicada pelo jornal argentino Clarín, os temores da diplomacia americana foram expressos na última quinta-feira, durante uma reunião entre Ricardo Lagorio, ministro-conselheiro da embaixada da Argentina em Washington, com funcionários do Departamento de Estado. Na ocasião, os americanos constrangeram o diplomata argentino com uma série de perguntas sobre as relações bilaterais com o Brasil: Vocês vão se mimetizar com o Brasil?, Quem vai colocar dinheiro para sustentar o programa econômico?, O Brasil?. Itamaraty - No Itamaraty, a orientação foi a de não tornar esse episódio um motivo para um conflito maior. Fontes do governo brasileiro deixaram claro ao Estado que o comportamento e a posição de diplomatas médios do Departamento de Estado pouco refletem a condução das relações entre os Estados Unidos e os sócios do Mercosul, atualmente mais pautadas pelo comércio. O peso maior está na Representação dos Estados Unidos para o Comércio (USTR), diretamente subordinada ao Senado americano, e no Departamento do Tesouro, que conduz a área econômica do Poder Executivo. Conforme alegou um dos negociadores brasileiros, o próprio USTR tem atualmente consciência de que o avanço da Alca depende mais do Congresso americano que da aliança reforçada entre o Brasil e a Argentina. Em princípio, os dois países do Mercosul indicam que estão mais propensos a levar adiante os processos de negociação comercial agendados, desde que possam trazer resultados equilibrados. Seria o meio para seus sócios expandirem o acesso de seus produtos a terceiros mercados, sem abrir concessões desproporcionais. Esse objetivo tem sido reiterado por Lafer e também foi reforçado recentemente pelo novo presidente argentino, Eduardo Duhalde. Do outro lado, entretanto, o processo vem se mostrando cada vez mais complicado depois da aprovação, em dezembro, de um projeto de Trade Promotion Authority (TPA) pela Câmara dos Representantes que praticamente exclui da negociações os produtos agrícolas considerados sensíveis aqueles que a Argentina e o Brasil pretendiam vender, sem barreiras, nos Estados Unidos. O TPA é o mandato que permite ao Poder Executivo fechar acordos comerciais, como a Alca, sem o risco de serem posteriormente emendados por deputados e senadores. Atualmente, está em tramitação no Senado americano.

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