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União Europeia critica Itália por propor censo de ciganos 

Ministro do Interior da Itália defendeu o recenseamento da comunidade cigana no país para deportar os que estejam em situação ilegal

Atualização:

BRUXELAS - A União Europeia declarou nesta terça-feira, 19, que é ilegal expulsar cidadãos comunitários com base na sua etnia, em resposta à proposta do ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, que na segunda-feira defendeu o recenseamento da comunidade cigana no país para deportar os que estejam em situação ilegal. 

Crianças, membros da comunidade cigana naItália, brincam no acampamento River Village, em Roma Foto: AFP PHOTO / Alberto PIZZOLI

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“Fazer um recenseamento com base no modo de vida viola os padrões europeus e internacionais dos direitos humanos”, disse Dunja Mijatovic, comissária dos direitos humanos do Conselho Europeu.

Salvini foi criticado até dentro da coalizão de governo. O vice-premiê e líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi Di Maio, afirmou que a medida é “inconstitucional”. “O recenseamento de imigrantes é inconstitucional, não se faz”, disse Di Maio. A proposta foi criticada também pela oposição, que disse que ela se inspira nas leis raciais aprovadas por Benito Mussolini, nos anos 30. 

+Itália e França pedem centros de imigração fora da Europa “A Itália retornou a 1938, ano em que cerca de 8 mil judeus italianos foram expulsos e enviados para campos de concentração nazistas”, lembrou a senadora do Partido Democrata (PD), Monica Cirinna. 

Embora não existam números oficiais, de acordo com estimativas, entre 120 mil e 180 mil ciganos vivem na Itália. A maioria tem nacionalidade italiana e mais da metade são menores de idade. O restante vem de Bulgária, Romênia e do Leste Europeu.

Reação. Salvini, líder da Liga, partido de extrema direita, é acusado de racismo pela oposição. Ontem, ele rebateu as declarações em sua conta no Facebook. “Infelizmente, temos de ficar com os ciganos da nacionalidade italiana”, comentou o ministro, que não voltou atrás. “Se isso fosse proposto por algum político de esquerda, seria aceito, mas, como fui eu quem propôs, é racismo. Eu não vou desistir. Primeiro os italianos e sua segurança.” / REUTERS

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