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União Européia descarta sanções contra Israel

Por Agencia Estado
Atualização:

A União Européia evitou hoje impor sanções comerciais contra Israel e reafirmou seu apoio ao secretário de Estado americano, Colin Powell, que está debatendo uma idéia israelense de realização de uma conferência internacional de paz para o Oriente Médio, que pode excluir o líder palestino Yasser Arafat. "Os 15 governos da União Européia concordam que a coisa mais urgente, mais necessária a fazer é ter um final bem-sucedido" das conversas de Powell na região, afirmou o ministro do Exterior espanhol, Josep Pique, após o encontro de chanceleres da UE. Falando mais cedo em Jerusalém, Powell disse que os Estados Unidos não iriam necessariamente ser o anfitrião da conferência de paz e que Arafat, confinado por tropas israelenses em seu QG em Ramallah, poderia enviar uma delegação de alto nível para representá-lo. Autoridades da UE afirmaram que é premente fazer os dois lados conversarem e conseguir que ajuda humanitária chegue aos palestinos, que têm estado sob uma intensa ação militar israelense. O secretário do Exterior britânico, Jack Straw, apoiou a proposta de conferência de paz de Israel. "Só pode haver uma solução para o conflito com a ajuda da comunidade internacional", disse. Os ministros do Exterior da UE não conseguiram unanimidade em relação a sanções comerciais, nem a propostas de pelo menos questionar Israel por sua dura repressão aos palestinos na Cisjordânia. Ao se afastarem por enquanto de sanções comerciais, os ministros da UE colocaram suas esperanças num encontro anteriormente marcado com Israel e seus vizinhos árabes em Valência, Espanha, nas próximas segunda e terça-feira. Este encontro é um evento anual para avaliar um programa de comércio e ajuda euro-mediterrâneo de sete anos, através do qual a UE injeta bilhões de dólares na região para fortalecer o processo de paz que há muito tem sido liderado pelos EUA. "As indicações são de que a conferência será realizada", avaliou Pique. "Esperamos uma participação de alto nível" de Israel e seus vizinhos. É altamente improvável, entretanto, que Arafat esteja presente no encontro de 22 e 23 de abril. Se ocorrer, a reunião de Valência oferecerá à UE uma oportunidade para pressionar Israel e os palestinos a firmarem um cessar-fogo. Os ministros da UE apoiaram um plano de paz da Alemanha que estabelece um calendário de dois anos para, entre outras coisas, que Israel retire suas tropas, desmantele assentamentos judeus, seja criado um Estado palestino e uma zona de contenção internacionalmente monitorada. A seguir, haveria conversações sobre o futuro de Jerusalém e as fronteiras entre Israel e o Estado palestino. O plano alemão também oferece garantias internacionais de segurança sob os auspícios das Nações Unidas, Estados Unidos, União Européia e Europa. A Bélgica e a Áustria pediram por uma reunião com Israel - sob um acordo concedendo ao Estado judeu benefícios comerciais na UE - para discutir o que algumas nações européias consideram sérias violações dos direitos humanos por parte das tropas israelenses. O porta-voz da Casa Branca, Stanley Fischer, considerou que sanções contra Israel seriam "contraprodutivas". E um diplomata britânico avaliou que tal ação "tenderia a ser vista como um gesto anti-Israel" no momento em que a UE precisa mostrar equilíbrio na questão. Os chanceleres da UE não emitiram nenhum comunicado após o encontro, mas discutiram a situação no Oriente Médio com o ministro do Exterior russo, Igor Ivanov. Pique exortou Israel a permitir que trabalhadores humanitários e jornalistas entre em cidades da Cisjordânia. "A situação humanitária é intolerável", considerou. "Temos ajuda a ser enviada (para áreas palestinas), mas é muito difícil entregá-la às pessoas que precisam dela". Sanções comerciais seriam certamente sentidas em Israel. A UE é o maior parceiro comercial do Estado judeu. No ano passado, as exportações de Israel para a UE totalizaram US$ 9,3 bilhões, com as importações chegando a US$ 12,3 bilhões. As exportações israelenses incluem diamantes, equipamento elétrico, químicos, plástico e borracha e produtos agrícolas.

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