Em foto de 2007, Haniyeh se encontra com Abbas
BRUXELAS - A União Europeia (UE) afirmou nesta quinta-feira, 28, que pretende estudar "em detalhe" o acordo entre as autoridades palestinas dos movimentos rivais Fatah e Hamas para colocar fim a divisão de governos. A UE também defendeu a liderança do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
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"A UE chamou sempre à paz e a reconciliação, sob a autoridade do presidente Abbas, para pôr fim à divisão entre Cisjordânia e Gaza e oferecer mais segurança e estabilidade na região", indicou em comunicado a chefe da diplomacia comunitária, Catherine Ashton.
Catherine assegurou hoje que segue "com grande interesse" a decisão entre Hamas e Fatah e explicou que a estudará "em detalhe" e a discutirá com "colegas na UE e a região".
A chefe da diplomacia, entretanto, evitou pronunciar-se sobre as consequências que a presença do Hamas no governo pode ter. Seu porta-voz, Michael Mann, também não comentou o tema quando perguntado.
O Hamas é considerado um grupo terroristas pela UE e também pelos Estados Unidos, que na quarta-feira lembrou que qualquer governo palestino deverá aceitar os princípios estabelecidos pelo Quarteto de Madri, do qual participa juntamente com a UE, Rússia e Organização das Nações Unidas (ONU). O chamado "quarteto" é o grupo de negociadores da paz no Oriente Médio e estabelece que o Hamas deve renunciar à violência, reconhecer o direito à existência de Israel e respeitar os acordos assinados no passado.
Acordo favorece negociações de paz
O presidente da ANP, Mahmud Abas, afirmou hoje que o acordo de reconciliação alcançado com o Hamas favorecerá as negociações de paz com Israel.
"Acreditamos que o que foi realizado ontem entre o Fatah e Hamas irá favorecer as negociações", declarou Abas.
"Esperamos que isso leve todos os movimentos palestinos a aceitarem as condições do Quarteto", acrescentou o líder palestino.
Israel considera acordo divisão
O presidente de Israel, Shimon Peres, comentou nesta quinta-feira, 28, o acordo entre Fatah e Hamas. Peres frisou que Israel gostaria de ver o povo palestino unido pela paz, mas reprovou o acordo.
"Não é um acordo pela paz, é uma divisão. O Hamas é reconhecido como uma organização terrorista", afirmou Peres.
O presidente destacou que, apesar do acordo, o Hamas pode "continuar atirando contra" israelenses.
Peres afirmou que o Hamas está ligado ao Irã e que juntamente com o Hezbollah quer uma "união para guerra". Ele ressaltu que Abbas, presidente da ANP, quer uma "união para paz".
Para Peres, a ONU não pode aceitar ou reconhecer uma organização terrorista como estado. "Vamos seguir o caminho da paz e não criar uma situação impossível tanto para os palestinos quanto para nós", disse.
Acordo
Ontem as autoridades palestinas dos movimentos rivais Fatah e Hamas disseram ter chegado a um acordo inicial para encerrar os quatro anos de divergências que provocaram a criação de dois governos, um na Cisjordânia e outro da Faixa de Gaza.
O acordo, durante reunião no Cairo, prevê a formação de um governo transitório de união e o início dos preparativos para as eleições presidencial e legislativas daqui a um ano, informaram um fonte oficial do Egito e um porta-voz do Fatah.
As delegações "chegaram a um acordo completo após a discussão de todos os pontos, inclusive da formação de um governo transitório", segundo a agência egípcia Mena. Todas as facções palestinas serão convocadas para uma reunião nos próximos dias, em que o acordo será assinado, acrescentou a agência.
Com AP e Efe