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União Européia quer compor metade das tropas de paz no Líbano

"É consenso geral que o desarmamento do Hezbollah não pode ser feito pela força", afirmou Annan. "As tropas não irão desarmar o Hezbollah, vamos deixar isso claro".

Por Agencia Estado
Atualização:

Os países da União Européia (UE) ofereceram entre 5.600 e 6.900 novos soldados para a ampliação da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul), anunciou nesta sexta-feira a Presidência finlandesa da UE. Os ministros de Exteriores do bloco concluíram nesta sexta-feira uma reunião extraordinária para discutir as contribuições de cada país para o reforço das força de paz. Os membros da UE mostraram sua disposição em comprometer "um número substancial de soldados", segundo o ministro de Exteriores finlandês, Erkki Tuomioja. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que a Europa irá fornecer mais da metade das forças internacionais. "A reunião confirmou que a União Européia estará à altura das expectativas", disse Tuomioja na entrevista coletiva após o final do Conselho de Ministros. Kofi Annan, que assistiu à reunião, se mostrou "muito satisfeito", e reconheceu que "confiava em que a Europa assumiria sua responsabilidade e sua solidariedade com o povo libanês". Annan afirmou que "a Europa está providenciando a coluna vertebral da força" Tuomioja disse que as tropas européias começarão a chegar ao Líbano na próxima semana, mas a mobilização só estará concluída em vários meses. Segundo Annan, as Nações Unidas receberam "compromissos firmes" da Malásia, Indonésia e Bangladesh, três países de maioria muçulmana. O secretário-geral estaria ainda consultando a Turquia sobre a possibilidade de o país integrar as forças. Israel se opõe à participação de países que não reconhecem o Estado judeu. A Espanha também ofereceu nesta sexta-feira aos outros membros da União Européia enviar entre 1.000 e 1.200 soldados para reforçar a Finul, informaram várias fontes diplomáticas européias. A Finul, no sul do Líbano desde os anos 1970, tem sido considerada ineficiente e foi regida por um mandato vago. A nova resolução que autoriza a ampliação da força continua a ter algumas ambigüidades, mas o ponto mais importa das regras de engajamento foi esclarecido: as forças da ONU trão autorização para "tomar todas as ações necessárias" para prevenir hostilidades. Washington, por sua vez, deixou lcaro que não irá contribuir com tropas para a força. Para o ministro das Relações Exteriores belga, as nações européias têm condições de liderar a missão, pois os países árabes perderam a confiança nos EUA. "Washington não tem condições de desempenhar um papel ativo na solução do conflito pois não tem credibilidade entre as nações islâmicas e árabes como negociador ou provedor de tropas de paz neutras", afirmou Karel De Gucht em nota ao gabinete belga. "Em compensação, os países da UE têm aceitação entre todas as partes envolvidas." Assim, a responsabilidade pelo comando da Finul ficará nas mãos da França até pelo menos fevereiro de 2007, quando a organização internacional vai decidir quem assumirá o trabalho, afirmou o ministro de Relações Exteriores da França, Philippe Douste- Blazy. Segundo o premiê italiano, Massimo D´Alema, o comando das forças de paz deverá ser rotativo. Hezbollah, armas e fronteiras Durante o encontro, o chefe de políticas externas da União Européia, Javier Solana, aproveitou para pedir para que Israel suspenda o bloqueio aéreo e marítimo imposto ao Líbano no início do conflito. Israel avisou que só irá suspender os bloqueios quando as forças libanesas e internacionais tomarem o controle dos portos e fronteiras para prevenir que o Hezbollah receba mais armas. "No minuto em que eles estiverem aqui, poderemos levantá-lo (o bloqueio)", respondeu o porta-voz ministério das relações exteriores de Israel, Mark Regev. Outra reunião formal entre os países dispostos a integrar as forças de paz deve acontecer na próxima segunda-feira. Annan esclareceu as tropas da ONU só serão enviadas para a fronteira sírio-libanesa para prevenir a entrada de armas para o Hezbollah se o governo do Líbano solicitar. O Líbano até agora não se pronunciou a esse respeito, mas o presidente sírio, Bashar Assad, fez fortes objeções ao posicionamento de tropas entre os dois países. "É consenso geral que o desarmamento do Hezbollah não pode ser feito pela força", disse Annan aos repórteres. "As tropas não irão desarmar o Hezbollah, vamos deixar isso claro".

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