02 de agosto de 2018 | 09h53
TÓQUIO - Uma faculdade de medicina de Tóquio é suspeita de ter manipulado durante vários anos as notas dos concursos de admissão para limitar o número de mulheres entre os estudantes, informou a imprensa japonesa.
A descoberta aconteceu no âmbito de uma investigação após acusações de favorecimento ao filho de um alto funcionário do Ministério da Educação, indicou o jornal Yomiuri Shimbun.
O caso está sendo investigado por um gabinete jurídico por incumbência do próprio centro, que espera esclarecer a situação nas próximas semanas, segundo confirmou um porta-voz da universidade.
A Universidade de Medicina de Tóquio começou a reduzir as notas das mulheres nos exames de admissão a partir de 2011, depois de constatar um considerável aumento do número de candidatas admitidas no ano anterior, quando 40% dos estudantes admitidos foram mulheres, contra 20% em 2009, segundo o jornal, que cita fontes anônimas.
A partir de 2011, a universidade decidiu modificar as notas dos exames com o objetivo de evitar que as mulheres superassem a marca de 30% de admitidas.
"As mulheres com frequência desistem de exercer medicina quando casam ou têm filhos", afirmou uma fonte da universidade ao jornal para tentar justificar a falsificação das notas. "Existe um consenso na universidade de que os médicos são mais importantes para o hospital universitário", completou.
No Japão, aproximadamente metade das mulheres abandona definitivamente seu trabalho após a gestação, em razão de fatores socioculturais e dificuldades para conciliar vida familiar e profissional.
O governo iniciou a estratégia "Womenomics" para promover uma maior participação feminina no mercado de trabalho, mas o país continua com uma notável lacuna salarial entre os dois sexos e com uma presença pequena de mulheres entre altos cargos de empresas ou representantes políticos. / AFP e EFE
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