Universidades acirram campanha contra candidato da direita

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BUENOS AIRESCorredores e paredes de universidades públicas argentinas transformaram-se no fim da campanha em espaço publicitário favorável ao candidato governista Daniel Scioli. Mais precisamente, contra o conservador Mauricio Macri.Cartazes e pichações com o slogan "Pátria ou Macri" e o nome do opositor nas cores da bandeira americana são o recurso mais comum. Há variações como "Macri=fome", "Macri=ajuste" e "se Macri ganhar, essa universidade vai fechar". Trata-se de uma extensão da tática kirchnerista de ligar o rival à crise de 2001. A oposição denuncia uma "campanha do medo".A direção da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires (UBA) apoiou Scioli formalmente ao alertar para "prováveis políticas de ajuste e mercantilização, inspiradas pelo neoliberalismo de um dos projetos no segundo turno".Nos 12 anos no poder, o kirchnerismo criou 15 universidades federais, o que ajudou a evitar a migração de estudantes para as maiores cidades, Buenos Aires, Córdoba e Rosário. Aberta o disfarçadamente, esses novos centros recomendam o voto em Scioli. A professora Thelma Trotta, da Faculdade de Direito da UBA, já esteve num deles. "É preciso ser kirchnerista para conseguir emprego lá", garante.Ao criticar o uso político dessas instituições, Macri cunhou em 2014 uma frase agora usada contra ele. "O problema não está em fazer mais universidades, algo que também critico muito. O que é isso de universidade em todos lados? Obviamente, são muito mais cargos para (o kirchnerismo) nomear", afirmou. Ele é acusado de não querer mais universidades."Acho que Macri pensa mesmo em privatizar", opina Agustín Bidegain, de 20 anos, aluno de direito na UBA. Segundo ele, a partidarização chegou à sala de aula. "Alguns professores fazem campanha aberta. Um apresentou propostas de privatização como tema de um trabalho, outros abrem voto para Scioli."No saguão de sua faculdade, onde ontem houve o debate presidencial, só há cartazes contra Macri, embora a força estudantil de direita seja forte. Obteve 23% na última eleição acadêmica - à frente da kirchnerista La Cámpora e atrás da União Cívica Radical (UCR), que está na coalizão opositora presidencial.Pela primeira vez, um presidente argentino virá de universidade privada - 77% dos universitários estão em uma pública. Macri fez engenharia e Scioli formou-se antes do primeiro turno em marketing. / R.C.

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