
21 de novembro de 2019 | 22h43
CARACAS - Estudantes universitários protestaram nesta quinta-feira, 21, em Caracas e pediram aos militares que retirem seu apoio ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. “Este é o momento de dar um passo adiante. Falamos de todas as maneiras”, disse, exaltado, o líder estudantil Rafael Punceles a cadetes que receberam um manifesto dirigido à cúpula das Forças Armadas.
Mais de 200 estudantes de instituições públicas e privadas se concentraram na estatal Universidade Central da Venezuela (UCV) para marchar até o Forte Tiuna, principal destacamento militar da Venezuela, mas só conseguiram avançar dois quilômetros. Uma barreira metálica instalada pela Guarda Nacional bloqueou o caminho, forçando uma comissão estudantil a entregar o documento aos cadetes.
“Também temos família a quem falta o que comer, a quem falta medicamentos”, disse um cadete aos estudantes, apesar de culpar a escassez ao “bloqueio econômico” e à “ingerência” dos Estados Unidos, que impuseram sanções contra o país produtor de petróleo.
“Eu estendo a mão a esses rapazes (...). Eles querem me derrubar. Está bem, me derrubem, mas, enquanto isso, enquanto não chega o dia em que vão me depor, deixem que chegue a ajuda para melhorar os refeitórios, os transportes, as bolsas e as condições da universidade. Depois me derrubem”, disse Maduro, cercado pela alta cúpula militar.
“Queria me reunir com eles”, acrescentou o presidente diante de centenas de jovens em outra marcha estudantil em apoio ao chavismo, que chegou ao seu destino, o Passeio Os Próceres, perto do Forte Tiuna.
A participação da mobilização opositora foi baixa considerando-se que na Venezuela há 2,8 milhões de estudantes universitários. Houve manifestações em outros Estados como Táchira e Lara (oeste). As manifestações em Caracas pró e contra Maduro, que teve como fundo o Dia do Estudante, estiveram perto de se cruzar, mas não foram registrados incidentes.
A manifestação contra Maduro foi realizada atendendo ao apelo do líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países. Pelo Twitter, Guaidó manifestou seu apoio à luta para exigir aos militares “que se juntem à causa de todos os venezuelanos”. / AFP
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