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Uribe admite que polícia atirou contra marcha de indígenas

Presidente colombiano fez admissão ao ver imagens, mas negou que os tiros tenham matado manifestantes

Por AP , Reuters e Bogotá
Atualização:

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, reconheceu ontem que a polícia disparou contra a marcha de 10 mil indígenas que partiu na terça-feira da cidade de Piendamó, no Departamento (Estado) de Cáuca, e pretende chegar a Cali no domingo. Desde o início da marcha, há quatro dias, os choques com a polícia já provocaram a morte de três manifestantes, além de ferimentos em 100 indígenas e em pelo menos 70 policiais. Os movimentos sociais vinham acusando a polícia colombiana pelas mortes. Uribe - que inicialmente negava que a polícia tivesse disparado contra os manifestantes - fez a admissão ontem, depois de ver as imagens veiculadas pela rede de televisão americana CNN que mostram um homem de máscara negra e uniforme verde-oliva disparando três vezes um fuzil modelo M-16, em meio a um grupo de policiais com equipamentos antidistúrbio. Embora o presidente colombiano tenha confirmado os disparos, ele continua negando que a polícia esteja envolvida nas mortes. O comandante das operações confirmou que este tipo de arma não pode ser carregada com balas de borracha. A marcha indígena ganhou ontem o apoio de uma das principais centrais sindicais do país, a CUT, que decretou greve deixando 10 milhões de estudantes sem aulas e a interrompendo outros serviços por 24 horas em todo o país. No mesmo dia, seis explosões simultâneas provocaram ferimentos em 16 pessoas na capital, Bogotá, enquanto outras seis bombas caseiras feitas com botijões de gás eram desarmadas no trajeto por onde a marcha indígena deveria passar, na Rodovia Pan-Americana, que liga o sudoeste ao centro da Colômbia. Um ônibus foi incendiado na capital e diversos carros e prédios da Universidade Nacional foram danificados durante confrontos entre policiais e estudantes que chegaram a usar coquetéis molotov e lança-granadas artesanais, feitos com tubos de PVC. A adesão dos trabalhadores urbanos filiados à CUT deu novo fôlego aos indígenas, que, ontem, se recusaram a desviar o trajeto da marcha para Popayán, onde Uribe estará no domingo, acompanhado de ministros, à espera de um possível diálogo que possa pôr fim às manifestações e choques. Os líderes da marcha pretendem chegar a Cali, reunindo 20 mil indígenas, entre eles, o presidente boliviano, Evo Morales que, segundo eles, confirmou presença.

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