Uribe inicia campanha contra acordo de paz entre governo colombiano e Farc

Iniciativa faz parte de atos do ex-presidente para impulsionar uma ‘resistência civil’ ao documento que líder Juan Manuel Santos espera assinar em breve com a guerrilha

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Por Redação
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MEDELLÍN, COLÔMBIA - O ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, começou a impulsionar no sábado uma campanha de coleta de assinaturas no país contra o acordo de paz que o governo está prestes a assinar com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Ao assinar o denominado "Proclama pela paz que queremos", na Praça Botero, no centro de Medellín, Uribe convocou seus seguidores a referendar o documento porque "muitos dos acordos de Havana, e o plebiscito que pretende que o povo colombiano os ratifique, causam danos à pátria".

"Buzine contra as Farc", "Buzine contra os acordos de Havana", "Buzine contra Santos" diziam alguns cartazes exibidos por seguidores de Uribe na Praça Botero Foto: AFP PHOTO / RAUL ARBOLEDA

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A iniciativa, apoiada por Uribe e seu partido, Centro Democrático, faz parte de uma série de atos que o ex-presidente e atual senador disse que impulsionará no âmbito da "resistência civil" ao acordo de paz que o governo do presidente Juan Manuel Santos espera assinar em breve com as Farc.

"Ao que nos opomos? O que nos preocupa? Que os acordos de Havana e o plebiscito aceitem que os integrantes das Farc, responsáveis por sequestros, assassinatos de crianças e recrutamento de crianças, não vão um dia para a prisão e possam se eleger" para cargos públicos, disse Uribe à imprensa e aos seguidores que se aproximaram para assinar o documento.

"Muitos temos que dizer, 'queremos a paz, mas não aceitamos essa paz com impunidade porque provoca mais violência', por isso muitos colombianos vamos nestes dois meses assinar esta carta", acrescentou o líder opositor.

Dezenas de cidadãos foram ao local e outros instalados em Medellín, Bogotá e outras cidades do país para assinar o documento que, segundo o Centro Democrático, será incorporado a "denúncias ante organismos internacionais" e a uma "demanda de inconstitucionalidade" contra a legislação que blinda juridicamente o acordo de paz.

"Buzine contra as Farc", "Buzine contra os acordos de Havana", "Buzine contra Santos" diziam alguns cartazes exibidos por seguidores de Uribe na Praça Botero, pedindo aos motoristas que apoiassem o ato com buzinaços.

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O proclame também exige a renúncia de Santos se "não pode dar à Colômbia a paz" que querem e merecem, e assegura que os signatários querem uma paz que não faça "concessões ao terrorismo que causam o risco de viver a mesma tragédia sofrida pela irmã Venezuela".

O conflito armado colombiano, que confrontou guerrilhas, paramilitares, agentes do Estado e quadrilhas de narcotraficantes deixaram em mais de meio século 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,8 milhões de deslocados. /AFP

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