BOGOTÁ - O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, opositor ao acordo de paz assinado na quinta-feira entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), proporá convocar uma consulta popular para que os cidadãos se pronunciem sobre os pontos polêmicos do pacto, que visa superar um conflito armado de mais de meio século.
"Por responsabilidade política com muitos colombianos, buscaremos um mecanismo de participação cidadã para honrar a defesa dos pontos que o governo não quis aceitar" e que a oposição continua rejeitando, disse Uribe, durante intervenção no plenário do Senado, onde teve início o processo de referendo do acordo.
Uribe, senador e líder do partido direitista Centro Democrático, critica que o pacto definitivo de paz - renegociado pela guerrilha e pelo governo após a rejeição do original em um plebiscito realizado em outubro - não se referende novamente de forma popular, e sim no Parlamento.
"O Congresso é a expressão do povo, é a expressão representativa, mas aqui se falou de um instrumento de democracia participativa", alegou ele no Senado.
Mais cedo, no noticiário “Noticias RCN”, o ex-chefe de Estado assegurou que proporá aos outros representantes políticos que impulsionaram o "não" nas urnas "que se estude (a possibilidade de convocar) um plebiscito por assinaturas para quatro, cinco, seis pontos, no qual os colombianos ponham limites que preservem o Estado de direito".
O ex-presidente e seu partido se manifestaram insatisfeitos com o acordo final alcançado com as Farc, principalmente porque rejeitam que os rebeldes responsáveis por crimes atrozes não sejam encaminhados à prisão e ainda tenham elegibilidade política.
Uribe afirmou que seu partido participará dos debates no Congresso para referendar e, posteriormente, implementar o acordo com a insurgência. "O que se pode melhorar com a vontade de vocês, acompanharemos", acrescentou.
A Colômbia vive um conflito armado interno de mais de meio século, no qual guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado se enfrentam, e que já deixou 260 milmortos, mais de 60 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados. / AFP
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