Uribe tenta conter danos de escândalo

Presidente admite até mesmo antecipar eleições legislativas para pôr fim à crise da ?parapolítica?

PUBLICIDADE

Por Renata Miranda
Atualização:

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse ontem que não tomará medidas radicais para tirar o país da crise política desatada pelo escândalo que vincula legisladores e integrantes de grupos paramilitares de direita. Uribe afirmou que o governo estuda "todas as opções" para resolver a chamada "crise da parapolítica" - entre elas, antecipar as eleições legislativas. "O que me parece fundamental é não deixar o país dar saltos rumo à incerteza", disse o presidente. Ontem, o ex-líder paramilitar Salvatore Mancuso afirmou que mais da metade dos congressistas colombianos têm vínculos com grupos armados irregulares. Segundo ele, 35% dos membros do Legislativo elegeram-se com apoio dos paramilitares. A declaração coincide com a prisão do ex-senador Mario Uribe - primo do presidente -, acusado de ter ligações com membros da organização Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Até agora, 31 congressistas foram detidos por laços com as AUC. Os escândalos, porém, não têm afetado a imagem de Uribe, que, com 84% de aprovação, é o líder mais popular da América Latina. "Há uma enorme identificação dos colombianos com Uribe e, por isso, ele está blindado contra todo tipo de escândalo", disse ao Estado, por telefone, o cientista político Pablo Casas, da Fundação Segurança e Democracia, em Bogotá. "A parapolítica está concentrada no Congresso e, se alguém for de fato prejudicado, não será Uribe." A analista María Jimena Duzán, colunista do jornal El Tiempo e autora do livro Assim Governa Uribe, afirma que o presidente é popular porque está empenhado em resolver o conflito interno. "O desespero de um país que vive em guerra é o grande responsável pela aceitação de Uribe", disse. "Mas popularidade não é legitimidade e tantos escândalos podem transformar-se num forte golpe à institucionalidade da Colômbia."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.