Uribe toma posse em meio a forte esquema de segurança

Este é o segundo mandato do presidente colombiano

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Por Agencia Estado
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Alvaro Uribe tomou posse nesta segunda-feira de seu segundo mandato como presidente da Colômbia. A cerimônia, marcada pela forte presença de forças de segurança, teve a presença de 11 chefes de Estado. Os presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Nestor Kirchner, e do México, Vicente Fox, porém, não foram a Bogotá para participar do evento. Uribe, de 54 anos, foi reeleito em 28 de maio com 62% dos votos. Um dos grandes trunfos para a vitória do presidente de direita foi conseguir reduzir os homicídios e seqüestros para o nível mais baixo dos últimos 20 anos, além do combate às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Na cerimônia desta segunda, 30 mil homens da polícia e do Exército fizeram a segurança, para evitar atentados. Quatro pessoas foram detidas com credenciais falsas. Segundo a polícia, não eram membros da guerrilha, mas criminosos comuns. O presidente colombiano assistiu a uma missa pela manhã ao lado de seus dois filhos. Depois empossou a nova ministra de Relações Exteriores do país, María Consuelo Araujo. Ele tomou posse ao lado do vice-presidente, o jornalista Francisco Santos. Além de 11 presidentes, estavam presentes quatro vice-presidentes estrangeiros e o príncipe da Espanha, Felipe de Bourbon, além de enviados de outros países. Além dos presidentes de Brasil, Argentina, e México, o líder venezuelano, Hugo Chávez, não compareceu. Chávez tem uma relação tensa, mas cordial com Uribe. A ausência do venezuelano contrastou com a presença de seu desafeto Alan García, presidente do Peru, em Bogotá. O advogado de 54 anos se tornou o primeiro governante colombiano a ser reeleito para um segundo mandato consecutivo, o que só foi possível graças a uma reforma constitucional proposta por ele em 2004. O novo mandato valerá de 2006 a 2010. Primeiro Mandato O primeiro mandato de Uribe à frente da Presidência colombiana (2002-2006) se caracterizou pela firmeza na aplicação da "segurança democrática", "bandeira" contra a ação de grupos violentos, mas mostrou deficiências em políticas sociais. A este argumento, defendido por alguns analistas, contrapõe-se a opinião de observadores que consideram que o governo "tem muito o quê mostrar" em segurança, educação, saúde e bem-estar. Em entrevista à EFE, o renomado analista político Alfredo Rangel, diretor da Fundação Segurança e Democracia, disse que "o balanço da política de segurança de Uribe é altamente positivo". Segundo Rangel, "melhorou imensamente a percepção de segurança", com "os colombianos sentindo um país mais seguro". "Essa percepção está sustentada em fatos e números verdadeiros", acrescentou. Nos últimos quatro anos, houve "queda no número de homicídios de cerca de 37%, e de 75% no de seqüestros", entre outros indicadores. Para o analista, "é interessante constatar que o Governo aumentou os gastos na área social em 37%, enquanto em segurança o crescimento foi de 27%". Rangel disse que Uribe "tem muito o que mostrar na área de saúde, em educação e em programas para famílias mais carentes", acrescentando que a atuação do governo "foi efetiva, pois o desemprego diminuiu". No entanto, na administração que se inicia nesta segunda-feira, "o Governo deve reorientar sua política em relação ao narcotráfico, pois, apesar do combate, a produção de drogas se mantém forte" disse Rangel. Em contrapartida, o também analista político e catedrático Vicente Torrijos disse que houve um desequilíbrio entre os dois eixos dessas políticas de Uribe em seu primeiro governo. "A política de segurança democrática foi baseada na retomada do controle territorial e não há dúvida de que no início do governo foram instaladas zonas de reabilitação e consolidação". Com isso, evitou-se que (muitos territórios) "continuassem sendo reduto para as guerrilhas". Críticas No entanto, e segundo sua opinião, isso "não passou de uma ilusão, e em casos como o de Arauca (território do leste, vizinho à Venezuela e uma das primeiras zonas especiais) foi um fracasso estrondoso". Para Torrijos, que é professor das Universidades de Rosário e Javeriana, em Bogotá, o chamado "investimento social foi extremamente diluído" na atual administração. Ele considera que no novo governo "será preciso reforçar a política no plano internacional". "Que o presidente, por meio de uma reforma tributária, melhore o investimento social, e que chegue a um diálogo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por intermédio de países aliados". Segundo o professor e analista, também é preciso "que a ajuda internacional que os Estados Unidos oferecem desbloqueie definitivamente as discussões sobre livre comércio e não esteja subordinada a um apoio ao Plano Patriota (de perseguição a rebeldes), para alcançar um autêntico modelo de desenvolvimento". Torrijos insistiu que também "é preciso intensificar os esforços externos com a União Européia" aproveitando o momento em que acordos comerciais estão sendo fechados. Em resumo, afirmou, "as despesas com segurança sobressaíram em comparação com as da área social, com o pretexto de conter a insurgência", e fazem falta "mais desenvolvimento social, a recuperação das zonas de conflito e o envolvimento dos setores oprimidos da população em programas específicos". Na abertura dos trabalhos do Congresso, no último dia 20, Uribe disse que pretende conquistar "plena cobertura da educação básica e da saúde" em regiões pobres, que exigiriam grandes recursos no orçamento que depende da aprovação de senadores e deputados. Uribe afirmou que levará a 1,5 milhão de famílias seu programa "Famílias em Ação", que oferece uma renda mensal para as mães que mantiverem seus filhos na escola.

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