
20 Janeiro 2019 | 05h00
O Congo comprou 107 mil urnas eletrônicas da sul-coreana Miru para promover, em dezembro, as eleições que resultariam na primeira transferência democrática de poder desde que Joseph Kabila assumiu a presidência, há 18 anos. O Financial Times revelou uma fraude em massa na apuração. O caso mostra que nem sempre a fraude é digital e nem sempre o voto impresso garante lisura.
Ao contrário das urnas brasileiras, as congolesas imprimiam os votos, que o eleitor depositava numa urna. Para afastar os temores de fraude disseminados pela imprensa, a apuração oficial foi feita com base no voto impresso. Pelo resultado divulgado, de 18,3 milhões de votos, o governista Emmanuel Shadary obteve 4,4 milhões; o oposicionista Martin Fayulu, 6,3 milhões; e um segundo candidato ligado a Kabila, Felix Tshisekedi, venceu com 7,1 milhões.
O Financial Times obteve uma planilha com os dados de 63 mil urnas eletrônicas, ou 86% dos votos. Comparou-a com resultados coletados por 40 mil observadores da Igreja Católica em 29 mil pontos de votação. Os dois conjuntos de dados apresentaram correlação estatística perfeita e provam, segundo o Financial Times, que Fayulu venceu com mais de 9,3 milhões de votos, ante 3 milhões Tshisekedi e 2,9 milhões de Shadary. Teria sido impossível cometer a fraude, não fossem os votos em papel. Teria sido impossível desmascará-la não fossem as urnas eletrônicas.
GLOBALISMO
Cantilena de Araújo destoa em Davos
A cantilena contra o “globalismo” e o “climatismo”, propagada pelo chanceler Ernesto Araújo, destoa da agenda do Fórum Econômico Mundial (WEF), em Davos. “Os riscos da inação climática ficam cada dia mais claros”, afirma o último relatório sobre os riscos globais do WEF. Na pesquisa anual com empresários e profissionais, os maiores desafios apontados para os próximos dez anos estão ligados ao meio ambiente e às mudanças climáticas. São três entre os cinco riscos mais prováveis, e quatro entre os cinco de maior impacto, como mostra a tabela:
Apoio a Israel divide democratas nos EUA
Israel promete polarizar as primárias democratas e as eleições de 2020 nos EUA. Alas jovens do partido e duas deputadas muçulmanas recém-eleitas, Rashida Tlaib e Ilhan Omar, apoiam o BDS, movimento que defende boicote a Israel enquanto perdurar a ocupação dos territórios palestinos. Mesmo alas críticas ao BDS querem rever o apoio incondicional. Em duas décadas, os simpatizantes de Israel caíram de 38% para 27% entre os democratas e cresceram de 50% a 79% entre os republicanos.
Paralisação prejudica controle de fronteiras
A paralisação do governo americano traz prejuízo à própria causa em nome da qual Donald Trump o justifica: o controle migratório. Cerca de 84 mil agentes de vigilância na fronteira ficaram sem receber salários este mês. Desses, 85% são considerados “essenciais” e não podem deixar de trabalhar. Os demais são proibidos de dar expediente. Quem trabalha está sobrecarregado para promover investigações financeiras, desbaratar quadrilhas de contrabandistas ou deter ilegais.
Do fast-food de Trump à gastronomia molecular
O Alinea, da estrela da gastronomia molecular Grant Achatz, convidou os campeões do Clemson University Tigers a experimentar “um jantar comemorativo de verdade”, depois que Trump, em virtude da paralisação do governo, lhes serviu na Casa Branca Burger King, McDonald’s, Wendy’s e Domino’s. Achatz, sobrevivente de um câncer na boca que quase lhe custou o paladar, comanda o único restaurante de Chicago com três estrelas no Guia Michelin.
Gordon Ramsay adere a campanha vegana
Conhecido por atacar durante anos os vegetarianos – ele prometia eletrocutar os próprios filhos se parassem de comer carne –, o estridente chef britânico Gordon Ramsay se rendeu à campanha “janeiro vegano” e pôs no cardápio do londrino Bread Street Kitchen sopa de abóbora e azeite trufado, saladas, risotos de cogumelos, pizza de berinjela, mousse de abacate e sorvete de banana. Há 3,5 milhões de veganos no Reino Unido, sete vezes o que havia em 2016.
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