Urnas consagram volta do PRI no México

Partido que governou o país por 71 anos promete fazer reformas profundas na economia

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Por AP e AFP E EFE
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Um dia depois da vitória nas eleições parlamentares e locais do México, dirigentes do opositor Partido Revolucionário Institucional (PRI) prometeram fazer reformas profundas na economia para tirar o país da crise. As eleições marcaram a volta do PRI. Com 98% dos votos apurados, o partido obteve 36% dos votos, passando de 106 para algo em torno de 233 cadeiras na Câmara dos Deputados. Com os 22 assentos do aliado Partido Verde, essa votação pode garantir ao PRI a maioria absoluta na Casa - o que não ocorria havia dez anos. "O PRI assumirá uma posição enérgica, com uma agenda voltada para encontrar soluções e fazer mudanças profundas na economia", afirmou a líder nacional do PRI, Beatriz Paredes. O Partido Ação Nacional (PAN), do presidente Felipe Calderón, deve ficar com de 138 a 142 vagas na Câmara (tinha 206 até agora). O PRI também conseguiu eleger os prefeitos de importantes cidades, como Guadalajara, e cinco dos seis governos estaduais em jogo. Os opositores venceram em redutos tradicionais do PAN, como o Estado de Querétaro, onde perdiam desde 1997. O único Estado em que foram derrotados foi o de Sonora, até agora governado pelo priista Eduardo Bours. Nesse caso, o resultado foi atribuído à revolta da população com um incêndio numa creche que deixou 48 mortos em junho, em Hermosilla, a capital do Estado. O PRI perdeu as eleições presidenciais para o PAN em 2000, após 71 anos no poder. Antes das eleições de domingo, era apenas a terceira força na Câmara dos Deputados, depois do PAN e do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD). Sua volta é um duro golpe contra o partido governista, cujo centro da campanha foi a estratégia de combate ao narcotráfico do presidente Felipe Calderón, que incluiu o envio de 36 mil militares para regiões críticas do país. O México passa pela sua pior recessão dos últimos 15 anos. Em 2008, o PIB do país retraiu-se 5,5%. "Essa vitória não se dá tanto pelo mérito das propostas do PRI, mas pelo fato de o partido ter conseguido manter uma disciplina férrea, evitando disputas internas - o que o PAN e o PRD não souberam fazer", opinou o cientista político José Antônio Crespo.

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