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Uruguai dá exemplo na América do Sul ao conter surto de covid-19

Nação de 3,5 milhões de habitantes registrou 789 casos confirmados do novo coronavírus e 22 mortes, cerca de 23 casos para cada 100 mil pessoas — o Brasil tem quase 200 casos para cada 100 mil pessoas

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Por Redação
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MONTEVIDÉU - Leonardo Silveira, dono de uma livraria de Montevidéu, está otimista com o futuro agora que o Uruguai inicia uma reabertura gradual dos negócios, depois que o país manteve um dos níveis mais baixos da covid-19 na América Latina, no momento em que a região se torna um epicentro da pandemia do coronavírus.

A nação sul-americana de 3,5 milhões de habitantes, conhecida por sua carne bovina, o estilo de vida descontraído e a maconha legalizada, registrou 789 casos confirmados do novo coronavírus e 22 mortes, cerca de 23 casos para cada 100 mil pessoas — o Brasil tem quase 200 casos para cada 100 mil pessoas.

Uruguaios caminham por calçadão em Montevidéu Foto: Mariana Greif/Reuters

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O Uruguai reagiu rápido em março, quando os primeiros casos foram detectados, adotando uma quarentena voluntária, o monitoramento e rastreamento de infecções em massa, exames aleatórios e o uso de modelos para prever como a doença avançaria em partes diferentes do território.

Sem registrar mortes desde 23 de maio, o conselheiro governamental Rafael Radi disse na semana passada que a situação está sob “controle relativo”.

Agora o país está reativando a economia, o que inclui a volta escalonada das aulas. Alguns o estão chamando de Nova Zelândia latino-americana, dada a semelhança do tamanho de sua população e do número de mortes.

Em maio, clientes que não apareciam há tempos começaram a voltar à livraria, disse Silveira. “As pessoas vêm não só para comprar livros, mas para ver você e conversar um pouco. É uma alegria vê-las – a certa distância, mas juntas aqui na loja."

Além do Brasil, que tem o segundo maior número de casos de covid-19 no mundo, países da região como Chile, Peru, Argentina e Bolívia têm índices de infecção muito mais altos do que o Uruguai.

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O Paraguai manteve seus casos em um patamar semelhante, mas com medidas muito mais duras, incluindo mobilização de militares para forçar a obediência ao isolamento.

Adriana Garcia da Rosa, pediatra de 57 anos de Montevidéu, disse que o sucesso se deve ao bom planejamento do governo e que vacinas contra a gripe ajudaram a suavizar a pressão das doenças sazonais sobre o sistema de saúde.

“A população do Uruguai reagiu bem e seguiu as regulamentações do governo, tornando possível controlar a pandemia com eficiência”.

Giovanni Escalante, representante uruguaio na Organização Pan-Americana da Saúde, disse que o êxito do país se deve a uma reação rápida, medidas robustas e à criação de um comitê de crise liderado por especialistas de saúde e de epidemiologia.

Mas uma preocupação subsiste: o norte do Uruguai faz fronteira com o Brasil, que atualmente tem o segundo maior número de casos registrados do mundo. / REUTERS

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