Uruguai vai culpar Kirchner por piquetes argentinos

Principal foco dos protestos argentinos localiza-se na cidade de Gualeguaychú

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, acusará o presidente argentino, Néstor Kirchner, perante a Corte Internacional de Haia, de ser o responsável direto dos piquetes que manifestantes argentinos realizam nas pontes que ligam o Uruguai com a Argentina. Os piquetes - que neste fim de semana bloquearam as três pontes entre os dois países, isolando o Uruguai por via terrestre da Argentina - são realizados por argentinos que residem na área da fronteira em protesto contra a instalação da fábrica de celulose da empresa finlandesa Botnia no município uruguaio de Fray Bentos, sobre o rio Uruguai. Segundo o documento apresentado em Haia pela chancelaria uruguaia, "as ásperas críticas do presidente argentino, do chanceler (Jorge Taiana), da Secretária do Ambiente (Romina Picolotti), além de outros altos funcionários inevitavelmente estimularam" os manifestantes. O governo Vázquez acusa Kirchner de nada fazer para evitar ou dissuadir a instalação dos piquetes, que impedem a livre circulação de mercadorias e pessoas, que é um dos princípios do Mercosul. Os piquetes realizados ao longo de três meses no verão passado em uma das três pontes que ligam os dois países, causaram prejuízos de mais de US$ 400 milhões ao Uruguai, especialmente no setor hoteleiro. Segundo o governo uruguaio, o governo argentino "não tomou nenhuma ação preventiva contra os bloqueios, embora estes tenham sido anunciados intensamente". Neste domingo, Vázquez afirmou que os bloqueios realizados pelos manifestantes argentinos nas pontes são "algo extremamente doloroso" para o Uruguai. "A medida que o tempo passa esta situação se deteriora cada vez mais", disse Vázquez, que alertou: "até que não se entenda que o Uruguai não vai negociar enquanto as pontes estiverem bloqueadas, não conseguiremos uma solução". Para o Uruguai, a instalação da Botnia é crucial para a recuperação econômica do país. Seu investimento, de US$ 1,2 bilhão será o maior da história do país. , que está nas margens argentinas do rio Uruguai, diante da uruguaia Fray Bentos. Os gualeguaychenses, liderados pela poderosa ONG Assembléia Popular, consideram que a fábrica causará um "apocalipse" ambiental na região, que levará as cidades ribeirinhas (com economias baseadas no turismo, agricultura e piscicultura) à ruína econômica. Nas últimas semanas, os gualeguaychenses conseguiram o apoio dos habitantes das cidades de Colón e Concordia (onde estão, respectivamente, as pontes que as ligam com as cidades uruguaias de Paysandú e Salto). Neste fim de semana, pela primeira vez, as três pontes que ligam os dois países foram bloqueadas de forma simultânea por piqueteiros argentinos. Em Gualeguaychú o bloqueio foi permanente. Em Colón os piquetes duraram seis horas. Na cidade de Concordia os piquetes duraram poucos minutos por divergências internas entre os manifestantes.

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