
25 de outubro de 2009 | 09h09
Mas a queda do dólar não é apenas uma questão pontual. Um estudo da Universidade Harvard indica que o euro poderia superar o dólar como moeda de referência em 15 anos, acabando com mais de 75 anos de hegemonia americana.
O euro atingiu na semana passada o valor mais alto nos últimos 14 meses e quase bateu o recorde de 1 para cada US$ 1,60. Os ministros de Finanças da UE foram obrigados a convocar uma reunião de emergência para avaliar o que fazer.
O primeiro sinal da desvalorização do dólar está aparecendo nas balanças comerciais. No início do ano, o problema era a falta de comprador. Com um mercado em recessão e consumidores assustados, as vendas chegaram a cair mais de 20%.
A recessão deu sinais de perder força a partir de maio e as bolsas estão 75% acima das taxas mais negativas no pior momento da crise. Os bancos também voltaram a lucrar. Mas aí o problema passou a ser outro: o dólar. Já em agosto, o desempenho de vários países europeus indicava que a valorização do euro terá um efeito profundo para os setores que dependem do mercado externo. Entre julho e agosto, as exportações irlandesas, por exemplo, caíram 6,4%. O superávit tradicional que o país vinha mantendo nos últimos dez anos começou também a desaparecer. Grande parte das exportações irlandesas vai para o mercado americano.
Com a desvalorização, os produtos europeus subiram de preço. Com a queda nas exportações, os prognósticos de dias melhores para a economia europeia tiveram de ser refeitos, já que as vendas externas são parte do modelo de crescimento europeu. França e Alemanha saíram da recessão. Mas devem patinar por alguns meses antes de mostrar crescimento real. Com o dólar desvalorizado, o perigo é de que essa fase de derrapagens seja ainda maior.
Vários países asiáticos ainda têm suas moedas fixadas ao dólar, o que põe a Europa em meio a um problema. O resultado de uma queda da moeda americana também afeta a competitividade das exportações europeias para a Ásia, região que mais cresce. Desde a eclosão da crise global, a moeda chinesa praticamente segue o dólar.
Membros da Comissão Europeia informaram ao jornal O Estado de S.Paulo que, no fim do ano, uma missão de alto escalão viajará à Ásia para debater a questão cambial com as autoridades chinesas e de outros importantes mercados.
Na Organização Mundial do Comércio (OMC), economistas já apontam que a desvalorização do dólar e os problemas para as exportações dos europeus fará com que a China supere a Alemanha em exportações. Desde 2003 a Alemanha mantinha a liderança no ranking dos maiores exportadores do planeta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Encontrou algum erro? Entre em contato