Vaticano tira caráter pontifício e católico da PUC-Peru

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Por Filipe Domingues
Atualização:

O Vaticano divulgou neste sábado um comunicado informando que a Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP) perdeu o direito de usar em seu nome os títulos de "Pontifícia" e "Católica". Conforme decreto do secretário de Estado Tarcisio Bertone, o número dois do Vaticano, a universidade fundada em 1917 pela Santa Sé vem alterando unilateralmente seus estatutos desde 1967, "com grave prejuízo para o interesse da Igreja". A decisão foi tomada depois de uma série de visitas de representantes da Santa Sé à universidade, em dezembro de 2011, e reuniões com o atual reitor, Marcial Rubio. "A Santa Sé foi obrigada a adotar esta medida", diz o comunicado. A crise na PUC do Peru começou em setembro do ano passado, quando o arcebispo de Lima, cardeal Juan Luis Cipriani Thorne, identificou diferenças ideológicas entre professores e alunos em relação às posições da Igreja.Cipriani pediu mudanças nos estatutos da universidade, conforme as orientações da Igreja para as universidades católicas contidas na constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae. O arcebispo exigiu, por exemplo, o direito de indicar o reitor a partir de uma lista tríplice definida pela universidade em assembleia.Mas o atual reitor, Marcial Rubio, e grupos de alunos recusaram a mudança, acusando perda de autonomia universitária. Rubio declarou à imprensa local que Cipriani tem interesse no controle econômico da PUCP. Ao mesmo tempo, a universidade não quer perder os títulos de "católica" e "pontifícia", pois teria de abrir mão das propriedades que pertenceriam à Arquidiocese de Lima - pois o doador do terreno da PUCP vinculou a herança ao uso por uma universidade pontifícia.Segundo o comunicado divulgado hoje, Rubio vinha exigindo que a Arquidiocese renunciasse ao controle dos bens. A Igreja recusou, dizendo que os tribunais civis do Peru confirmaram mais de uma vez seu direito de participar da gestão. A Santa Sé afirmou que continuará acompanhando a situação da universidade e quer que as autoridades acadêmicas reconsiderem sua posição. O reitorado da universidade, por sua vez, informou em seu site que o decreto será discutido em assembleia na segunda-feira.

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