"Velha Europa" tentará posição comum sobre Iraque

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Por Agencia Estado
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"França e Alemanha não são velhas, mas sábias", respondeu nesta sexta-feira, em Bruxelas, o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, às críticas do secretário de defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, feitas na última quarta-feira. Ele chamou a aliança franco-alemã de "velha Europa", em razão da posição contrária de Berlim e Paris a uma ação bélica no Iraque sem a aprovação da ONU. "Não podemos dividir a Europa em velha ou nova, e a aliança franco-alemã é uma vantagem para nós todos", afirmou também nesta sexta-feira Emma Udwin, porta-voz do comissário europeu de relações exteriores, Chris Patten. Na próxima segunda-feira, durante o Conselho de ministros de Relações Exteriores dos Quinze, em Bruxelas, a aliança franco-alemã vai levantar novamente a ira de Rumsfeld. Os chefes da diplomacia alemã e francesa, Joska Fischer e Dominique de Villepin, respectivamente, vão tentar fazer com que os Quinze aceitem a tese de que a via diplomática deve ser esgotada até o limite antes de uma intervenção militar no Iraque. Logo cedo, os quatro países da União Européia (UE) com representação atualmente no Conselho de Segurança da ONU (França e Reino Unido, permanentes, e Alemanha e Espanha, membros por dois anos desde 1º janeiro) terão uma reunião especial sobre o Iraque, antes de ter início o Conselho dos Quinze. A Alemanha defende um novo relatório dos inspetores da ONU sobre o Iraque para meados de fevereiro, mês durante o qual presidirá o Conselho de Segurança. Um diplomata europeu indicou à Agência Estado que seria "muito ambicioso" esperar um consenso europeu da próxima reunião. A Comissão Européia já está trabalhando com o "pior cenário possível". Estuda desbloquear fundos para enfrentar uma possível imigração em massa de iraquianos em caso de guerra. Bruxelas dedicou US$ 15.750 milhões de ajuda humanitária ao Iraque em 2002 e tem a mesma previsão para 2003. "A fratura entre França e Alemanha de um lado, e Reino Unido, de outro, será difícil de reduzir", prevê o mesmo diplomata europeu. Pela aliança franco-alemã, a guerra é a pior solução e não poderá acontecer sem o sinal verde da ONU. Mas, Londres está pronta a seguir Washington, mesmo sem resolução. Um diplomata francês diz que a França tem apoio de vários países "em particular". É o caso dos neutros (Áustria, Irlanda, Suécia e Finlândia), da Bélgica, Luxemburgo, Grécia e "pelo que tudo indica", Portugal, sinalizou a mesma fonte à Agência Estado. Por outro lado, Londres e Washington podem contar com Holanda, Dinamarca, Espanha e Itália. Ressalva para as últimas declarações do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, desta quinta-feira, de que qualquer ação armada no Iraque será "decidida pela ONU" e que seu governo "consultará de qualquer forma o parlamento".

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