Velha geração do PC chinês começa a sair de cena

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Por Agencia Estado
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O 16º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que teminará dentro de dois dias, se propõe - segundo todos os dados disponíveis - a afastar do poder a "velha" geração de dirigentes, embora alguns deles tenham planejado, e controlem com todo o cuidado, a própria sucessão. O secretário-geral do partido, Jiang Zemin, de 76 anos, deixará a direção do PCC após ter-se assegurado do controle do país, mantendo seus homens em postos-chave e deixando de fora seu último e velho rival, Li Ruihuan. O semanário Liaowang, da agência oficial Nova China, publicou em seu número de hoje uma série de fotografias dos membros do comitê permanente do Politburo, destacando as "conquistas" dos últimos 13 anos, desde que Jiang foi convocado a Pequim para conduzir o partido, em 1989. "O bem-estar passado e a riqueza futura parecem ser os grandes méritos da velha guarda", afirmou o semanário. Lembrou que, nos anos 80 a aspiração era a de possuir os "três velhos" - televisor, máquina de lavar roupas e geladeira; nos 90, os "três novos" - computador, automóvel e casa própria. "Estamos melhor", acrescentou o Liaowang. Os 2.114 delegados reunidos desde sexta-feira no congresso em Pequim conheceram, na segunda-feira, os candidatos ao comitê central, eleitos por um comitê eleitoral. O número de candidatos excede em 5% o número dos que deverão ser eleitos (cerca de 300). Há 15 anos, quando as reformas políticas se desenrolavam sob a direção do então secretário Zhao Ziyang, a proporção de excedentes chegava a 10%. "O partido comunista terá os capitalistas sob sua bandeira, mas jamais aceitará o modelo democrático ocidental", afirmou hoje Jiang, perante o congresso. Com as reformas econômicas a pleno vapor, o ingresso na Organização Mundial do Comércio (OMC), a expansão do setor privado e problemas sociais potencialmente explosivos, os novos dirigentes manterão o controle político, sem impor mudanças. Mais de dois terços do Birô Político do PCC serão aposentados, asseguram fontes chinesas. O terço que será mantido (9 pessoas) deverá ser promovido para o Comitê Permanente do Politburo, no qual, entre os velhos nomes, só resta o de Hu Jintao, o sucessor de Jiang. Jintao, de 60 anos, que em março se tornará o presidente da República, terá muitos títulos, mas pouco poder, asseguraram analistas políticos. Jiang, cujos homens de confiança constituem a maioria do comitê permanente, continuará controlando as rédeas. Jintao é considerado o exemplo perfeito desta nova geração, à qual na sexta-feira a liturgia do partido entregará a direção da China. Mas, segundo os analistas, serão necessários no mínimo outros cinco anos antes do grupo tomar realmente o poder em suas mãos.

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