PUBLICIDADE

Venezuela anuncia complicações em 4ª cirurgia de Chávez contra câncer

Por Rodrigo Cavalheiro , LOS TEQUES , MIRANDA e VENEZUELA
Atualização:

O ministro da Comunicação da Venezuela, Ernesto Villegas, revelou ontem em cadeia nacional de radio e televisão que o presidente Hugo Chávez sofreu um sangramento inesperado que exigiu "medidas corretivas" da equipe médica que o operou na terça-feira em Cuba. O anúncio foi feito no último dia da campanha para as eleições regionais de domingo, que mostrarão o efeito da doença do líder bolivariano sobre o chavismo.A votação deve ainda apontar o postulante da oposição em uma nova provável disputa pela presidência, caso Chávez não tome posse dia 10 de janeiro.O pronunciamento de Villegas não foi acompanhado de detalhes sobre quais seriam as complicações, nem se Chávez chegou a se comunicar desde a operação. O ministro apenas completou que o presidente "se recupera progressivamente".Mais tarde, o vice-presidente e chanceler Nicolás Maduro, nomeado por Chávez como sucessor no sábado, antes do embarque para Cuba, disse que o estado de saúde do presidente tinha evoluído de "estável" para "favorável". Bastante emocionado e perto do choro, Maduro rezou um Pai-Nosso com partidários chavistas em um comício no Estado de Aragua. "Livrai Chávez e a pátria venezuelana de todo mal", rogou o vice. Na véspera, Maduro havia adotado um tom sóbrio ao alertar a população de que a cirurgia havia sido complexa e levaria a um pós-operatório também difícil.O próprio Villegas levantou a hipótese, na quarta-feira de o presidente não estar em condições físicas de assumir o mandato conquistado nas eleições presidenciais de outubro.A ausência de Chávez levaria o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, a convocar em 30 dias novas eleições para a presidência. Caso Chávez assuma e deixe o poder, por morte ou incapacidade física, caberia a Maduro convocar as eleições, nas quais seria o candidato do governista Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).O novo boletim sobre o quadro de Chávez não foi divulgado oficialmente aos militantes chavistas que ocupavam cinco quadras de uma rua central de Los Teques, onde ontem terminou a campanha eleitoral do ex-vice-presidente Elias Jaua, candidato do PSUV ao governo do Estado de Miranda (mais informações nesta página).Informada do sangramento, a professora chavista Aracelis Ramírez, de 48 anos, minimizou a notícia. "Isso é normal. Este homem vai voltar à batalha. Este homem é um enviado de Deus com uma missão. E a hora ainda não chegou, tenho certeza", disse de modo assertivo, com a cara fechada.Ontem, outros presidentes latino-americanos, como o uruguaio José Mujica e o peruano Ollanta Humala, se disseram dispostos a visitar Chávez em Havana, caso sua equipe médica permita.De acordo com Mujica, Chávez ajudou muito o Uruguai. "Tenho a obrigação de não esquecer", afirmou o uruguaio. Humala disse estar orando pela saúde do colega venezuelano. Forças Armadas. Cabello disse ontem que as Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) "garantirá" o processo de construção do socialismo. "Esta revolução não tem marcha à ré. Vamos seguir avançando", disse Cabello em uma missa em Forte Tiuna, em Caracas. Cotado para substituir Chávez, o chefe do Legislativo acabou preterido por Maduro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.