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Venezuela condena 9 ex-policiais por mortes em 2002

Por AE-AP
Atualização:

Um tribunal venezuelano sentenciou hoje nove ex-oficiais da polícia a sentenças de até 30 anos de prisão pelas mortes de manifestantes durante protestos de rua antes do fracassado golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez, em 2002. O ex-chefe da polícia de Caracas Henry Vivas, o ex-vice-chefe de polícia Lázaro Forero e o ex-diretor de segurança pública da cidade Ivan Simonovis foram sentenciados a 30 anos de prisão cada por "cumplicidade" nas mortes dos manifestantes pró-governo, segundo Antonio Molina, advogado de parentes de algumas das vítimas.Molina disse que outros seis oficiais foram sentenciados a penas de 17 anos e 30 anos de prisão por crimes que incluem homicídio e tentativa de homicídio. Tanto aliados quanto adversários de Chávez estavam entre os 19 mortos em 11 de abril de 2002, quando uma manifestação da oposição se encontrou com uma marcha favorável ao presidente, no centro de Caracas. O confronto precedeu uma tentativa de golpe de Estado contra o mandatário, na qual Chávez foi afastado do poder por dois dias por militares dissidentes. Ele voltou ao governo com a ajuda de militares leais e do apoio de partidários.Inimigos do governo culparam a Guarda Nacional e "chavistas" pelas mortes, que teriam sido filmados atirando na multidão em cima de uma ponte. Já os partidários do presidente da Venezuela dizem que a polícia de Caracas, na época controlada pela oposição, foi a responsável pelas 19 mortes. Os policiais foram acusados de matar três pessoas na região da ponte Llaguno, perto do palácio presidencial, e de terem ferido outras 29, informou a Agência Bolivariana de Notícias.''Julgamento político''Parentes dos ex-policiais sentenciados hoje condenaram a decisão da Justiça. Alguns acusam Chávez de usar o sistema legal para perseguir opositores. "Eu já esperava esse tipo de sentença porque foi um julgamento político", afirmou Núbia Vivas, irmã do ex-policial Vivas. "A sentença é um troféu para Chávez", disse o advogado de defesa José Luis Tamayo. "Aqui, eles condenaram um grande grupo de cidadãos venezuelanos sem nenhuma prova", afirmou Tamayo, ao dizer que os promotores usaram fotografias de policiais com armas em punho para basear as acusações, e não evidências forenses que ligassem os acusados aos crimes.Já Yesenia Fuentes, que integra a Associação pelas Vítimas do 11 de Abril, pró-governista, afirmou estar satisfeita com a decisão. "A sentença abre um precedente importante: nenhum policial vai matar um cidadão venezuelano e escapar da cadeia." De acordo com Tamayo, um dos policiais acusados, Rafael Neazoa, foi inocentado pelo júri.

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